São Paulo, sábado, 23 de setembro de 1995
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Planalto desautoriza Bresser sobre aumento dos servidores federais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente Fernando Henrique Cardoso, por intermédio do seu porta-voz, Sérgio Amaral, desautorizou ontem o ministro da Administração Federal, Bresser Pereira, que havia anunciado que os servidores públicos teriam apenas 10,83% de aumento na sua data-base, em janeiro.
Pelos cálculos iniciais, somente a inflação de 95 deverá ficar em 23%. "O assunto não foi sequer considerado pelo governo. Ele não examinou ainda e não houve decisão a respeito", disse Amaral.
Segundo o porta-voz, não se pode empregar a proposta de Orçamento para calcular o aumento do funcionalismo -argumento utilizado por Bresser para chegar aos 10,83%. "Os números que constam no Orçamento não podem ser entendidos como decisão do governo para o possível aumento para os servidores", disse Amaral.
Ontem, em São Paulo, o ministro Bresser Pereira reafirmou que os funcionários civis e militares terão um reajuste de 10,83% em janeiro, porque é o índice previsto no Orçamento. Ressaltou, porém, que os servidores poderão receber um adicional, ainda indefinido.
Em palestra a intelectuais sobre a reforma administrativa, no Instituto Fernand Braudel, Bresser disse que o Judiciário se beneficiou de um "aumento brutal de salários após a Constituição de 1988.
"A remuneração do Judiciário em São Paulo aumentou de 2,5% para 9% da arrecadação do Estado nos últimos anos e aconteceu coisa semelhante em outros Estados."
Bresser disse que "estão todos preocupados com o sigilo bancário, mas ninguém sabe quanto ganham os juízes".
Disse ainda que os tribunais de contas são "um desastre" na fiscalização da coisa pública e que o Estado é mal defendido: "Tem um monte de bandidos com ações contra o Estado, que sempre perde".

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