São Paulo, sábado, 23 de setembro de 1995
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Intolerância religiosa preocupa antropóloga

DA REPORTAGEM LOCAL

A professora Maria Lúcia Pontes, do Departamento de Antropologia da USP, disse que "a tarefa antipática do antropólogo é sair do discurso da fé e entrar no discurso da razão". "O homem foi capaz de criar sistemas para interpretar o mundo", disse. O exorcismo se encaixaria dentro de um deles, a religião.
Para ela, é normal que as sociedades tendam a criar "sistemas de crenças e de práticas" para dar sentido à vida humama, "que por vezes parece sem sentido".
A antropologia moderna, afirmou, define a religião como um sistema cultural "que é mobilizado a cada vez que a experiência do homem o confronta com limites".
Para ela, os limites são: "O limite da dor, o limite da doença, o limite da morte e, sobretudo, o limite de haver coisas que podem existir sem explicação".
Segundo ela, "não há sentido em contestar uma fé em nome da outra". "A humanidade tem fés diferentes dentro de sistemas culturais e religiosos diferentes."
A intolerância religiosa preocupa Pontes, pois pode "demonizar outros grupos sociais e criar visões totalitárias da vida". "Afinal, a gente sabe que superstição é sempre a religião do outro, a minha é sempre a verdadeira religião", disse em tom de brincadeira.

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