São Paulo, sábado, 23 de setembro de 1995
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Agência da ONU condena testes nucleares da França e da China

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) condenou ontem os testes nucleares franceses e chineses.
Os 122 países reunidos na conferência internacional da organização, em Viena (Áustria), adotaram uma resolução que pede a suspensão das experiências nucleares até que entre em vigor o Tratado de Proibição Total dos Testes, em 96.
Apesar do termo "proibição total", existe a possibilidade, agora um tanto remota, de que o tratado ainda permita a realização de alguns tipos de microtestes.
O intento não menciona nem a França nem a China textualmente. Ele foi adotado por consenso (não houve votação nominal). A AIEA é ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).
A China realizou este ano duas explosões. A França testou uma bomba em 5 de setembro e pretende realizar outros cinco ou seis testes até maio do ano que vem.
Os chineses não apoiaram a moção da AIEA. Os franceses só o fizeram depois que o texto inicial foi modificado -a conferência queria "deplorar" os testes nucleares e pedir sua suspensão imediata.
As experiências francesas estão sendo desenvolvidas nos atóis de Mururoa e Fangataufa, na Polinésia Francesa (Pacífico Sul).
Ontem, deputados governistas franceses da comissão de defesa disseram que a próxima explosão francesa deve ocorrer em dez dias.
O teste deve checar a potência da mais nova ogiva nuclear francesa, desenvolvida em 1992, que vai equipar os mísseis da frota de submarinos.
O Tribunal da ONU, em Haia (Holanda), por sua vez, recusou ontem a reabertura de um processo contra a França, requerido pela Nova Zelândia por causa da retomada das experiências nucleares, que haviam sido suspensas em 1992 pelo estão governo socialista.
A Corte Internacional de Justiça considerou, por 12 votos a 3, que o processo arquivado em 1973 se referia a uma queixa relativa a testes atmosféricos, não podendo, portanto, ser reaberto agora por causa dos novos experimentos, realizados no subsolo.
O processo de 1973 foi movido pela Austrália e pela Nova Zelândia.

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