São Paulo, sábado, 23 de setembro de 1995
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Louvável exemplo

Nas discussões, geralmente acaloradas, sobre a importância de aplicar a pena de morte no combate à criminalidade, é quase sempre inevitável que os defensores de sua aplicação proponham a seguinte situação: se um de seus entes mais queridos também fosse brutalmente vitimado por um desses facínoras, qual seria então a sua reação?
A pergunta procura insidiosamente introduzir, numa polêmica jurídica e sociológica, um componente emocional e pessoal. Resta saber se apenas por esse caminho seria possível dirimir a questão. Tudo indica que não, sobretudo quando se consideram dois grandes obstáculos à aplicação da pena de morte: o perigo de punir um inocente, na ausência de fortes evidências sobre a autoria de um ato hediondo, e a eventual intervenção decisiva de fatores psicopatológicos na perpetração de um crime.
A elevada atitude de Lídia Pinto Machado, repelindo enfaticamente a aplicação da pena fatal aos assassinos de sua filha nos EUA -sugerida pelo governador do Estado de Nova York-, demonstra que, mesmo em momentos de forte pressão psicológica e implicação pessoal, é possível ainda reagir com sensatez, e rechaçar os perigos das pseudo-soluções, como a pena de morte, que apenas perpetuam uma barbárie que antes se deseja estancar.

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