São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995
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Governo tenta solução política para Banespa

Bancada paulista de 70 deputados rompeu com BC

RUI NOGUEIRA
COORDENADOR DE PRODUÇÃO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para quem ainda duvidava de que o Banespa ganharia do governo Fernando Henrique Cardoso uma solução política, a semana passada foi uma espécie de tira-teima.
Menos de 24 horas depois de os 70 parlamentares da bancada paulista na Câmara romperem o diálogo com a direção do BC (Banco Central) e exigirem uma "saída política" para a dívida de R$ 13,5 bilhões do Banespa, o governo federal acenou com uma proposta.
A receita da mágica político-financeira é esta: soma-se a dívida do banco à dívida do Estado para que tudo junto (cerca de R$ 45,6 bilhões) seja rolado pelo Tesouro Nacional. A idéia é que essa dívida ganhe um prazo de até 30 anos para ser paga.
O receituário tem uma contra-indicação nada desprezível. O governo federal teria de conceder aos demais Estados, também sufocados por suas dívidas, os mesmos privilégios que se propõe a negociar com os paulistas. A conta passa dos R$ 100 bilhões.
A negociação política vai ser intensificada nesta semana, quando o presidente Fernando Henrique e o ministro Pedro Malan (Fazenda) retomam em tempo integral os seus afazeres depois de uma viagem de nove dias na Europa.
Nas negociações da semana passada, restava um aspecto em que, ao menos aparentemente, o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, ainda não tinha entregue os pontos: a insistência na privatização do Banespa depois do saneamento financeiro. O governador Mário Covas quer que o banco continue sendo estatal.
Enquanto, no Brasil, os políticos reclamavam dos juros altos, o presidente Fernando Henrique disparou de Bruxelas: é "perda de tempo" conspirar contra o ministro da Fazenda.

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