São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995
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DEPOIMENTO

Os relacionamentos em geral se baseiam em amizade, troca social, empatia espiritual e sexo. Nos meus, eu colocaria o sexo depois de tudo. Não tenho o menor problema em ficar sem transar.
Quando penso em uma cena legal, com um cara que faria a minha cabeça, nunca me vem a imagem do amor na cabana, com lareira e sexo. Penso em alguém que me faça rir, seja inteligente e jamais dê a impressão de estar blefando. Alguém que saia totalmente desse clichê de sexo e poder que os homens vestem. Sexo pode ser bom, mas muito ocasionalmente; não deve ser o principal assunto de um casal.
Fui casada 12 anos com um homem bonito, inteligente, mas que gostava muito de sexo. Eu não dava conta. Aliás, quando penso nesse tipo de demanda que os homens têm, aí é que eu me fecho mais.
No Brasil, especialmente, os homens não agem com muita sutileza -os europeus com quem eu convivi não tinham a pressa dos brasileiros. Ninguém lá te convida para ir ao teatro pensando na sobremesa. Essa história de "macho man" e "latin lover" não tem nada a ver comigo.
Depois que meu marido morreu, me apaixonei por um cara baixo, gordo, careca e homossexual. Um sujeito brilhante, espirituoso, engraçado -o homem da minha vida, se gostasse de mulheres.
Estou só desde então, mas não tem desespero. No máximo, um pouco de melancolia. Sou capaz de passar dias isolada, fazendo o que eu gosto, sem me dar conta de que o sexo existe. Dias, não, anos. Estou há dois, mas posso ficar mais dois, ou 22...
LÚCIA PAES DE BARROS, 40, é relações públicas.

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