São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995 |
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A extinção da Lei do Passe é necessária, mas polêmica
TELÊ SANTANA O projeto do governo para acabar com a Lei do Passe no futebol vem em boa hora.No Brasil, a Lei do Passe equivale a uma prisão. É uma das poucas profissões onde você não pode escolher o seu destino. O jogador não pode atuar no clube que lhe interessa, que lhe oferece melhores condições. No passado, a situação era ainda pior. Nós não tínhamos porcentagem no passe, de acordo com a idade, e nem participação (15%) quando éramos negociados. Em outros países, como Espanha e Itália, o jogador recebe passe livre depois de três anos e tem mais facilidades. Por isso, sou a favor da extinção da Lei do Passe no Brasil. Acho justo, porém, que o clube que revela o jogador tenha direito sobre ele durante três anos. É um período suficiente para o clube recuperar o que investiu na formação do atletas. Afinal, o clube paga estudo, alimentação, assistência médica etc. Precisa ter alguma recompensa. Por outro lado, a extinção da Lei do Passe pode trazer algumas dificuldades para os jogadores. Os clubes vão ter menos interesse em bancar a sua formação e em contratá-los. A concorrência será grande e muitos deles podem acabar desempregados ou recebendo baixos salários em times de menor expressão. É um risco que se corre. Vejo com simpatia também a criação de um sindicato mundial de atletas. Só acho que ele não pode ter uma conotação política. Os sindicatos têm de ser atuantes, o que não acontece no Brasil. Uma comissão teria que vistoriar todos os campos de futebol e só aprovar os gramados que realmente têm condições de uso. Existem campos no Brasil onde os jogadores chegam a correr risco de vida. Outra comissão do sindicato também teria que escolher a melhor bola, sem interesses comerciais. Quem escolhe a bola são os dirigentes! Hoje em dia, você joga com uma bola no Campeonato Paulista, com outra no Brasileiro e com uma terceira na Supercopa. Ou seja: o time tem que treinar cada dia com uma. Pena que, no Brasil, os sindicatos dos jogadores e dos treinadores não têm força e são subservientes à Confederação Brasileira de Futebol e às federações estaduais. Esperamos que esse quadro mude com a criação de um sindicato mundial. Texto Anterior: Portuguesa avança os laterais contra Bahia Próximo Texto: Flamengo e Botafogo fazem clássico carioca no Ceará Índice |
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