São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995 |
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Times cariocas predominam na Câmara
HUMBERTO SACCOMANDI
Apesar de ser o Estado mais rico, mais populoso e com maior número de representantes na Câmara (70 deputados), São Paulo parece ter menos apelo futebolístico que o Rio de Janeiro. Com uma bancada menor, de 46 deputados, o Rio consegue colocar seus times numa posição favorável em relação às equipes paulistas junto à elite política do país. Os clubes cariocas têm um apoio maciço entre os políticos do Norte e do Nordeste do país, especialmente nos Estados de pouca expressão no futebol. Questionados pela Folha sobre seu clube de preferência, muitos políticos indagavam se era o time local ou o nacional. Acabavam votando nos dois. A deputada Rita Camata (PMDB-ES), por exemplo, torce para o Rio Branco, no Espírito Santo, e para o Flamengo, no restante do país. Entre os deputados de Estados futebolisticamente fortes, essa ambiguidade quase desaparece. Na bancada gaúcha, só a deputada Esther Grossi (PT) declarou torcer também para um time de fora do seu Estado, o Corinthians. Se os clubes cariocas predominam entre os deputados do Norte e Nordeste do país, as equipes paulista têm mais projeção no Sul, especialmente em regiões adjacentes ao Estado de São Paulo. O Palmeiras, por exemplo, é o segundo time mais votado na bancada paranaense, logo atrás do Atlético-PR. O Santos é o terceiro. Partidos A preferência futebolística dentro de um partido reflete a distribuição de sua base de apoio. Entre os grandes partidos, o Flamengo só não é o preferido no PT. Os times mais cotados entre os petistas são o Corinthians e o Grêmio. Isso espelha a forte participação das bancadas paulista e gaúcha no partido, que tem penetração menor no Rio de Janeiro e no Norte e Nordeste do país. Já no PFL, com forte penetração no Nordeste, se destacam vários clubes da região, como o Vitória-BA, apesar de sempre atrás dos clubes cariocas e paulistas. É difícil estabelecer o índice de sinceridade na preferência declarada pelos deputados. Parte dos votos de Flamengo e Corinthians podem se dever ao interesse político no apelo popular desses times. COMO FOI FEITA A PESQUISA A reportagem da Folha procurou todos os deputados nos seus gabinetes em Brasília. Os que não estavam foram procurados por telefone. Sempre que possível, procurou-se ouvir o deputado pessoalmente. Somente assessores próximos ou parentes puderam "votar" por um deputado sem consultá-lo previamente, mas só quando afirmaram terem certeza da preferência do parlamentar. Como a pesquisa foi feita antes da criação do PPB (fusão do PPR com o PP), os deputados do novo partido são citados com as siglas antigas. Texto Anterior: Notas Próximo Texto: 'Evangélico não pode ter time' Índice |
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