São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995
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Um poema para a amiga Billie Holiday

MARILENE FELINTO
DA ENVIADA ESPECIAL

Elizabeth Bishop formou-se em Vassar em 1934, mesmo ano em que sua mãe morria no hospício e em que conheceu Marianne Moore (1887-1972), que levou o primeiro poema de Bishop a ser publicado, em "Trial Balances" (1935), antologia em que poetas mais velhos apresentavam poetas mais novos. Moore apresentava Bishop. Essa espécie de mãe literária se tornaria uma das grandes amigas e incentivadoras de Elizabeth até o fim.
Outra amiga do grupo lembra que "o senso de humor e o senso de aventura de Louise atraíam Bishop". Louise Crane era filha de um milionário da indústria de papel, governador de Massachusetts e senador. Interessada em arte moderna e música, especialmente jazz e música popular, foi a responsável por introduzir Elizabeth Bishop em badalados círculos sociais da época. Através dela, Bishop conheceu a cantora Billie Holiday, para quem escreveu o poema "Songs for a Colored Singer". Holiday e Bishop ficaram amigas, até o dia em que Bishop encontrou-a na cama com Louise Crane.
Foi com Louise Crane que Elizabeth Bishop fez suas primeiras viagens ao exterior, morou em Nova York e montou, em 1938, o primeiro "lar" de sua vida, em Key West, Flórida, onde viveria por nove anos. Nessa época, começou a colaborar com publicações americanas como "Partisan Review" e "New Yorker".
O rompimento com Louise Crane aconteceu em 1940. Nessa época, Bishop conheceu Anny Baumann, judia-alemã que viria a ser sua médica (e também de Lota) por toda a vida. Entre 1966 e 67, piores anos de seu relacionamento com Lota, era para Baumann que Bishop escrevia cartas desesperadas.
Depois da publicação de seu primeiro livro, "North & South", Bishop foi apresentada a Robert Lowell, em 1947. A amizade entre os dois durou até a morte dele, em 1977 (aos 60), que seria o homem mais importante de sua vida. Apaixonado, Lowell esboçou um pedido de casamento (conforme cartas trocadas entre agosto e dezembro de 1957) e dedicou a ela o poema "Para Elizabeth Bishop 4".
Em carta de novembro de 1967, Bishop revela: "Eu o amo, quase tanto quanto a Lota, eu acho -se é que se pode medir ou comparar amor e afeição".
Entre 1940 e 1951, entre crises de depressão e mais um romance homossexual desfeito, Bishop trabalhou como consultora para a área de poesia na Biblioteca do Congresso, em Washington, e ganhou três prêmios literários. Com o dinheiro de um dos prêmios, ela pegaria o navio que acabaria por trazê-la ao Brasil.

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