São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995
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Portugal encerra década cavaquista

JAIR RATTNER
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LISBOA

Os portugueses elegem um novo Parlamento -e um novo governo- no próximo domingo, 1º de outubro. Qualquer que seja o resultado, será o fim do cavaquismo.
Durante dez anos, Aníbal Cavaco Silva, que agora decidiu não concorrer à reeleição, foi o símbolo de uma era de crescimento econômico do país, impulsionado por verbas que vinham da União Européia. Portugal aderiu à União Européia em 1986.
Até 1991, entravam no país US$ 1,5 bilhão por ano em fundos cedidos por Bruxelas. Nos últimos quatro anos, as transferências dobraram, passando para US$ 3 bilhões anuais.
A parte mais visível dos investimentos com as verbas européias está na rede de rodovias, que agora corta o país. O primeiro grande feito foi terminar a auto-estrada Lisboa-Porto, com 300 km, que levou 30 anos para ficar pronta.
Cavaco Silva deixa de ser premiê, mas mantém a possibilidade de continuar na política. Ele aguarda o resultado das eleições para decidir se vai se candidatar à Presidência, em janeiro de 96.
A saída de Cavaco Silva ocorre quando crescem as dificuldades impostas pela UE para que o país esteja entre os que vão aderir à moeda única (conhecida pela sigla em inglês ECU). A data marcada para que a conversão das moedas nacionais no ECU é 1999.
Só vão poder ter a nova moeda os países que seguirem uma receita monetarista rígida: déficits orçamentários inferiores a 3%, inflação até dois pontos acima da média comunitária e estabilidade da moeda. Qualquer que seja o partido que sair vencedor das eleições, a política econômica vai seguir essas exigências.
Tanto o Partido Socialista como o Partido Social Democrata -que juntos devem obter entre 70% e 80% dos votos- apóiam as imposições do tratado de Maastricht. O volume de dinheiro que vai para o país mantém reduzidas as queixas contra a diminuição da soberania de Portugal.
Piorando a situação para o partido do governo, a eleição surge num momento em que Portugal conta com a maior taxa de desemprego dos últimos cinco anos (6,8%) e que o país está no final de um período de recessão. No entanto, o desemprego é muito menor do que os 16% de quando Cavaco Silva assumiu o poder.

LEIA MAIS
sobre eleição em Portugal às págs. 24, 25 e 26

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