São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995
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Partido Progressista Brasileiro

ESPERIDIÃO AMIN

Pluralidade partidária não significa e não deve significar -em parte alguma- proliferação de siglas, siglas de aluguel, partidos sem representação (e sem eleitores). É consenso que não se pode proibir o surgimento de um novo partido. Mas, também, é crescentemente consensual que não se pode admitir o funcionamento de partido no Legislativo sem que a agremiação tenha um mínimo de representatividade.
Creio que essa questão, além de fidelidade partidária e do sistema eleitoral, constitui o cerne da matéria política que deveria ter sido o primeiro conjunto de assuntos abordados na revisão constitucional (93-94) -que não aconteceu. Mas está agora, a duras penas, com rito comum- ocupando a agenda de trabalho do governo e do Congresso.
Aliás, a não concretização no momento próprio (e com o rito especial previsto) da revisão resultou em prejuízos que hoje significam tribulações graves para o povo brasileiro e para o real.
Por não termos aprovado as reformas econômicas antes da adoção do real, resta-nos a conta social do desemprego crescente e da agricultura penalizada, além dos juros "escorchantes" e das crises da construção civil, dos setores têxtil, moveleiro, calçadista e das pequenas e microempresas em geral.
O contexto das reformas que o país reclama tem delimitado a postura dos partidos nos últimos dois anos. Tanto o PPR quanto o PP, com programas quase iguais, se têm posicionado a favor das reformas, inclusive a política. A reforma dos tópicos políticos deve ser prioritária por dizer respeito à moralidade e à credibilidade do sistema partidário e à resolutividade da democracia.
Contudo, mais importantes do que leis, são necessários exemplos que não repitam o aliciamento individual, a cooptação financiada por emprego e por dinheiro públicos. Até porque tal cooptação só consegue desmoralizar os políticos em geral, generalizando conceitos depreciativos, nem sempre injustos.
Em vez de praticarmos o aliciamento individual, engrossando as frentes de cooptação, PP e PPR partiram para a construção de um exemplo. Estamos erigindo o PPB (Partido Progressista Brasileiro) sem o fundamento da cooptação e do fisiologismo e construindo um partido de centro -baseado na tolerância, na compreensão do universo de valores políticos e morais do povo brasileiro, com forte preocupação social.
O PPB, mais forte do que o PPR e o PP, terá mais "volume de voz" para expor e divulgar soluções para as questões cruciais de geração de emprego, de apoio a investimentos (num país que acolhe tão bem o "dinheiro de motel" que se aproveita da taxa de juros brasileira), de soluções criativas para habitação popular (não é demais salientar o esforço que a Prefeitura de São Paulo faz neste campo, por meio do Projeto Cingapura), para a saúde, educação e agricultura (o setor mais sacrificado pela política econômica até aqui).
O PPB, baseado no exemplo que a fusão PP-PPR representa, tem compromissos claros com a justiça e com a modernização. Queremos participar da competição democrática que a comparação de idéias e propostas significam. Temos pressa. Já nas eleições municipais de 1996 queremos ser opção confiável para a sociedade brasileira. Bons exemplos valem mais do que belas palavras. Por isso, o PPB já nasceu vitorioso.

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