São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995
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Reflexões sobre o Bráulio

Em português, sobretudo em sua vertente brasileira, os sinônimos para designar "homem", "mulher", "pênis", "vagina" e "sexo", em suas mais bizarras variações, contam-se às centenas e acabam de ser enriquecidos pelo polêmico Bráulio.
O episódio acabou ganhando uma dimensão nacional inaudita, por tratar-se de um caso menor, prosaico até. Uma boa e ousada campanha do Ministério da Saúde de prevenção à Aids acabou usando um jingle de gosto duvidoso e fazendo uma infeliz referência a um nome próprio para designar o pênis. Parte das pessoas com esse nome se revoltou por ter-se tornado alvo de chacota, a campanha foi suspensa, reformulada, retomada e o caso Bráulio tornou-se obrigatório em todas as rodas de conversa.
Sem querer, o ministério conseguiu, pela falha na campanha, dar-lhe uma projeção inimaginada. Se o termo Bráulio em sua nova acepção vai ou não entrar para a língua portuguesa, é uma questão que só o tempo dirá. Se isso de fato ocorrer, resta torcer para que entre como sinônimo de pênis, mas devidamente vestido com uma camisinha. De outra forma, a campanha terá sido só uma comédia de erros.

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