São Paulo, domingo, 24 de setembro de 1995 |
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Trumbica Quem não se comunica se trumbica, dizia o animador Chacrinha. Contemporâneo dos primórdios da televisão global, o velho guerreiro resumiu nesse bordão um imperativo cada vez mais poderoso. Nas últimas semanas foram anunciadas várias fusões e incorporações na indústria das comunicações globais. Os maiores grupos dos setores de entretenimento, telecomunicações e finanças, especialmente nos Estados Unidos, passam por reestruturações significativas. A mais recente, que coloca sob o mesmo comando os grupos Time e Turner, mostra a força sem precedentes da chamada "indústria cultural". Da empresa de Turner surgiram redes como a CNN, que hoje tem um papel político fundamental na grande política mundial. Outras alianças estratégicas, parcerias e fusões estão em curso, desenhando grandes empreendimentos em que o mais caro insumo é a criatividade, como na empresa que se formou em torno de Spielberg. O mundo global mostra-se assim, com o avanço das comunicações, atravessado também por alguns grandes grupos que exercem um controle vasto e financeiramente robusto da informação e da cultura. Mas se quem não se comunica se trumbica, é importante lembrar que comunicação deve ser uma via de mão dupla. A comunicação unidirecional, por mais global e universal que pretenda ser, corre o risco de atropelar culturas locais e regionais. Pode assim deixar de ser comunicação e se trumbicarão os que parecem "bárbaros" ou, se tanto, apenas "desinformados". Texto Anterior: Reflexões sobre o Bráulio Próximo Texto: Conflagração Índice |
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