São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Pragas 'estrangeiras' contaminam pomares

DA REPORTAGEM LOCAL

"É inadmissível o descaso do governo na proteção dos pomares contra a entrada de pragas de outros países", afirma Manoel Dantas Barreto, dono da Frunorte, de Assu (RN), uma das maiores produtoras e exportadoras de melões do país.
Para Barreto, um dos principais motivos do fraco desempenho do Brasil nas exportações de frutas é a ausência de uma política nacional de proteção fitossanitária.
"Qualquer pessoa pode desembarcar em um aeroporto ou porto com plantas de outros países, sem ser revistada", diz Barreto, comparando o Brasil com as rígidas políticas fitossanitárias de países como o Chile e EUA.
"No Chile é mais fácil a pessoa entrar com cocaína do que com planta", afirma.
As exportações anuais de frutas frescas do Chile somam quase US$ 1 bilhão, mais de oito vezes o valor embarcado pelo Brasil.
Segundo o empresário, há vários casos de pragas que entraram no país devido à ausência de vigilância nos aeroportos e fronteiras.
Ele cita a mosca branca Bemisia tabacci que infestou pomares do Estado de São Paulo.
A mosca desembarcou no Brasil junto com flores importadas por comerciantes de Campinas.
"O nosso medo é que a mosca vá para o Nordeste", diz.
O secretário de Desenvolvimento Rural do Ministério da Agricultura, Murilo Flores, diz que o governo está preocupado com o livre trânsito de plantas no país.
"Vamos montar em parceria com a iniciativa privada um programa de produção de mudas nas regiões produtoras de frutas, para evitar entrada de plantas doentes", afirma Flores.
No entanto, ele desconhece medidas fitossanitárias que incluam o controle da entrada de vegetais em portos e aeroportos.
Na região do Vale do Assu, no Rio Grande do Norte, foi implantada há seis anos em 9.000 ha uma área livre da mosca-das-frutas.

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