São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995 |
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Arroz deve perder 156 mil ha no RS
DA REPORTAGEM LOCAL O Irga (Instituto Riograndense do Arroz) estima uma queda de 16,4% na intenção de plantio dos produtores de arroz do Rio Grande do Sul.Segundo o instituto, ligado ao governo do Estado, a área do arroz a ser plantada nos próximos meses deverá somar 777 mil hectares (ha), bem abaixo dos 929,9 mil ha semeados na safra 94/95. A principal causa da queda é o alto endividamento dos produtores do Estado, que estão enfrentando dificuldade para renegociar seus débitos junto ao Banco do Brasil. Além das dívidas, o produtor está desanimado com a comercialização do grão. O preço nas regiões produtoras encosta no preço mínimo (R$ 10,02/saca de 50 kg). Na safra colhida no primeiro semestre, a produção de arroz do RS alcançou 4,87 milhões de toneladas (t), 17% acima dos 4,15 milhões de toneladas de 93/94, de acordo com o Irga. A área plantada em 93/94 foi maior, mas chuvas de granizo na colheita prejudicaram a produtividade das lavouras, que caiu para 88 sacas/ha, segundo Leila Rossi, economista do Irga. Já na última safra, o clima foi bom e a produtividade subiu para 105 sacas/ha. Na região de Rio Pardo, parte central do Estado, a queda de área é estimada em 15%, segundo Antonio Barbosa Neto Júnior, vice-presidente da Cooperativa Agrícola Rio Pardo. "Se o Banco do Brasil não diminuir as exigências para a concessão de crédito de custeio, a redução poderá atingir 40%", diz. Na safra 94/95, os agricultores de Rio Pardo plantaram 8.500 hectares de arroz. Neto Júnior afirma que o BB (Banco do Brasil) só está aprovando crédito a agricultores que derem como garantia bens imóveis. "Normalmente, o banco aceitava máquinas como garantia", diz. O BB também está exigindo que o dono da terra seja avalista dos seus arrendatários. Caso a lavoura quebre e o agricultor não tenha como saldar sua dívida, o avalista é obrigado a cobrir o prejuízo. Na região, a maioria dos produtores é arrendatária, de acordo com Neto Júnior. As vendas de insumos estão lentas no Rio Grande do Sul. Além da falta de capital de giro e de crédito, os produtores reclamam da alta nos preços do adubo. Os fertilizantes das principais indústrias que atuam na região subiram em torno de 35% este mês, segundo Neto Júnior. "Foram vários anos para conscientizarmos o produtor de que é necessário adubar. Este ano, muitos vão acabar semeando sem uso adequado de tecnologia", diz. A maior parte da safra gaúcha, colhida no primeiro semestre, foi negociada abaixo do preço mínimo (R$ 10,02/saca), de acordo com Vera Velho, consultora da Agriplan Planejamento Agropecuário, de Porto Alegre. No pico da colheita, entre março e abril, os preços da saca pagos ao produtor oscilaram entre R$ 8 e R$ 9. Texto Anterior: Chuvas favorecem citros, pastos e café no interior Próximo Texto: Nova Lei Agrícola não deverá ameaçar esquema de subsídios Índice |
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