São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Poder sobre Congresso é restrito

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A influência dos governadores sobre as bancadas no Congresso é menor do que espera o governo Fernando Henrique. Apenas 117 deputados (22% da Câmara) e 28 senadores (34% do Senado) integram os mesmos partidos dos governadores em cada Estado.
O governo espera fechar um acordo com os governadores sobre a reforma tributária. Depois quer que os governadores pressionem suas bancadas nas votações no Congresso. Seria a reedição da "política dos governadores".
O espaço ocupado pelos governadores é resultado da omissão das presidências da Câmara e do Senado e dos líderes partidários na elaboração de propostas para a reforma constitucional.
O Legislativo espera que o Executivo apresente prontas as suas propostas nas áreas da Previdência Social e da reforma tributária. Sentindo a vazio de poder no Congresso, os governadores estão negociando diretamente com o Executivo federal.
A força dos governadores, porém, é bastante restrita. Se forem consideradas as coligações nas eleições de 94, a base de apoio dos governadores cresce um pouco, mas não o suficiente, para garantir a maioria dos votos no Congresso.
Exatos 186 deputados (36% da Câmara) e 41 senadores (51% do Senado) foram eleitos pelas mesmas coligações que elegeram os governadores em cada Estado.
Mas a ascendência dos governadores sobre os parlamentares de partidos coligados é relativa. Em uma coligação PMDB-PFL, o governador do PMDB não deve contar como certo o voto de um parlamentar do PFL.
O mais provável é que o parlamentar siga a orientação do partido em nível nacional. O PFL do Paraná, por exemplo, ajudou a eleger o governador Jayme Lerner (PDT). No Congresso, os pefelistas seguem a orientação do próprio partido, e não de Lerner.
O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), tem liderança sobre os 14 deputados tucanos. É pouco em uma bancada estadual de 70 deputados.
No Rio, o governador Marcello Alencar (PSDB) tem influência sobre os 7 deputados tucanos e mais 7 coligados (PFL, PP e PL). Também é pouco em uma bancada de 46 deputados.
O governador do Pará, Almir Gabriel (PSDB), é um dos que tem menos liderança sobre a bancada estadual. Seu partido não elegeu nenhum deputado ou senador. O governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo (PSDB), tem o apoio de 15 deputados (10 tucanos) de uma bancada total de 53.
Entre os governadores com mais chance de influir nas votações está o da Bahia, Paulo Souto (PFL). Tem apoio de 15 deputados e 3 senadores do PFL e 4 deputados coligados (PTB e PL). A bancada tem 39 deputados.
O governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), tem liderança sobre os 11 tucanos, que representam a metade da bancada estadual.

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