São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
'Bósnia' peemedebista deve durar até 97
CARLOS EDUARDO ALVES
Às vésperas de eleger seu próximo presidente nacional, a "Bósnia" peemedebista substitui tiros por ódios indisfarçados e não tem perspectiva de paz a curto prazo. "Falta um nome para unir, e não vejo solução no curto prazo para o partido", diz o senador José Sarney (AP), presidente do Congresso e um dos mais ilustres protagonistas da crise. "O próximo período trará grandes dificuldades para o PMDB", acha. A análise de Sarney é baseada no processo de escolha do novo presidente do partido. A eleição está marcada para o próximo fim-de-semana. "Política tem 'timing', e nós perdemos o nosso", avalia o senador do Amapá. No processo de desintegração da "federação", Sarney, há três meses, aliou-se circunstancialmente ao seu maior adversário interno, o ex-governador paulista Orestes Quércia, para articular a candidatura de Jáder Barbalho (PA), líder da bancada do partido no Senado, à presidência do partido. Jáder, mesmo com a benção de ambos, foi vitimado por uma reunião de governadores do PMDB. Por trás do veto dos governadores, tentava-se vestir no senador goiano Iris Resende o figurino de candidato do consenso. Jáder deu o troco na hora da renúncia e anunciou apoio ao deputado cearense Paes de Andrade, também vetado pelos governadores. "Falta uma liderança nacional, e o partido corre o risco de não avançar", afirma Jáder. Sarney e Quércia ainda tentam reanimar a candidatura do senador paraense. Quércia, hostilizado por uma parte considerável dos líderes regionais, concorda com o adversário Sarney na análise sobre a fragmentação peemedebista. "A situação é muito complicada", declara. É hegemônica no PMDB a análise de que, após a morte de Ulysses Guimarães e o desastre eleitoral de Quércia em 94, o partido passou de federação a aglomerado de feudos regionais. A conflagração aumentou. Para administrar esses conflitos e negociar cargos no governo federal, nenhum dos grandes nomes se apresentou. Até agora, o único candidato que se lançou para enfrentar Paes de Andrade foi o deputado paulista Alberto Goldman. Ambos não entusiasmam a maioria da legenda. O próximo presidente peemedebista, que substituirá Luiz Henrique (SC), não coordenará o processo de escolha da candidatura presidencial da legenda em 98. O mandato é de dois anos. É essa a principal razão para o pequeno interesse dos caciques na eleição de domingo. O jogo, mesmo, ficará com o presidente que será eleito em 97. Até lá, avalia-se no partido, nenhuma alteração relevante ocorrerá no PMDB. Texto Anterior: Ministério pede ao TCU auditoria sobre compra de prédio no Rio Próximo Texto: Ex-comunista defende reformas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |