São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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PT deflagra campanha pela reforma agrária

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Partido dos Trabalhadores (PT) anunciou ontem o início de uma mobilização nacional pela "reforma agrária já", com manifestações de rua nas principais cidades do país a partir de outubro.
A campanha será deflagrada em conjunto com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), maior organização dos trabalhadores sem terra do país.
Os atos terão a participação da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Os primeiros atos serão em Pernambuco e Rio Grande do Sul.
"Queremos trazer a discussão para o meio urbano e atrair setores da sociedade civil", afirma Luiz Dulci, 1º vice-presidente do PT.
O discurso petista se ajusta à "urbanização" do debate sobre a questão da terra defendida atualmente pelo MST, entidade com quem o PT tem relações estreitas.
"Hoje, a gente acha que o MST e os camponeses sozinhos não farão a reforma agrária. É preciso trazer a questão para a avenida Paulista", diz Felinto Procópio, o Mineirinho, do MST paulista.
Dulci ressaltou que a reforma agrária terá de ser feita pela via política e institucional.
"Ela não vai sair a bala, terá de ser negociada, por meio das entidades civis e partidos. O governo deveria reconhecer o MST como interlocutor em vez de tentar desqualificar o movimento", disse.
Dulci considera a situação do campo "explosiva e gravíssima". Segundo ele, sem o MST, o quadro seria ainda mais explosivo.
O PT avalia que há preconceito em relação ao problema. "Grandes países capitalistas fizeram reforma agrária. No Brasil, a questão sempre foi vista como coisa revolucionária e de subversão à ordem constituída", disse.
MST, Contag e CPT se reúnem hoje em Brasília com o secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge Caldas, para tratar do tema.
Impasse
A Articulação (grupo majoritário do PT) e a esquerda do partido ainda não resolveram o impasse sobre a formação da Executiva Nacional. A esquerda se recusou a assumir sete cargos na direção e exige a Secretaria Geral do PT.

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