São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Blitz antifumo não multa no 1º dia

PATRICIA DECIA; ROGER MODKOVSKI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ninguém foi multado ontem, no primeiro dia de fiscalização do decreto que proíbe o fumo nos restaurantes da cidade de São Paulo.
Donos e gerentes dos estabelecimentos, com medo da multa de R$ 373,70, fixaram cartazes, retiraram cinzeiros e pediram para que os clientes que estavam fumando apagassem os cigarros.
O decreto proíbe o fumo em "locais fechados" cuja principal atividade seja servir refeições. A própria prefeitura admite que ainda existem muitas dúvidas sobre os locais onde é proibido fumar. A fiscalização evitou estes pontos.
O secretário municipal do Planejamento, Roberto Paulo Richter, disse que o resultado da blitz foi "acima das expectativas".
Haverá novas blitze a partir das 20h de hoje e de quinta-feira. Segundo o secretário, também pode haver blitz hoje no almoço.
Ontem, três equipes visitaram 26 estabelecimentos nas zonas oeste, norte e central. Cada equipe teve três fiscais, entre funcionários e estagiários da secretaria.
Não houve o acompanhamento de estudantes da Escola Paulista de Medicina, como havia sido anunciado na semana passada. Segundo Richter, o convênio ainda está sendo negociado.
Os fiscais distribuíram cartazes com os dizeres "neste estabelecimento não se fuma" a 14 dos 26 restaurantes. O decreto obriga que haja pelo menos dois cartazes - um na porta, um no salão principal- em cada estabelecimento.
Ontem, Richter disse que o "Disque Fumaça" (tel. 283-0218), que inicialmente atenderia a denúncias de desrespeito ao decreto, funcionará apenas como "telefone educativo".
O publicitário Ismael de Campos, 44, foi obrigado a deixar seus três maços de cigarro no bolso.
"Essa proibição me incomoda muito. Me sinto um cidadão sem direito à cidadania", afirmou o publicitário.
A proprietária do restaurante Santarella, Telma Helena Valio, já havia proibido o cigarro há duas semanas, com medo da multa da prefeitura.
"Alguns clientes ligaram e disseram que não vêm mais. Não posso fazer nada", afirmou Telma.
Segundo ela, o movimento da casa caiu depois da proibição, pois 60% dos clientes são fumantes. "Se alguém acende o cigarro, peço para apagar."
Pedro Marques, dono do Don Place, no largo do Arouche (centro), disse que não concorda com a norma, mas vai cumpri-la.
Ele queria saber se seu american bar poderia ser usado como "fumódromo". "Se tiver circulação de ar e uma porta isolando-o do salão, pode", respondeu o fiscal.
(Patricia Decia e Roger Modkovski)

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Sobre o decreto antifumo na pág. 6

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