São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Investigação de crime em NY ganha reforço

DANIELA FALCÃO
DE NOVA YORK

A polícia de Nova York (EUA) colocou ontem mais 25 detetives para trabalhar exclusivamente na caçada ao assassino da brasileira Maria Isabel Monteiro Alves, 44. Agora, o número de policiais envolvidos no caso chega a cerca de cem.
Maria Isabel foi morta por volta das 6h do dia 17 de setembro (domingo), quando fazia cooper no extremo norte do Central Park, perto do Harlem.
Seu corpo foi achado três horas depois por dois corredores. O rosto estava irreconhecível devido aos ferimentos e os shorts e a calcinha abaixados até o tornozelo.
Desde que o corpo de Maria Isabel foi reconhecido, a polícia já interrogou dezenas de mendigos e manteve pelo menos quatro detidos como suspeitos.
Não conseguiu provar nada contra eles e todos foram liberados. Também foram chamados para depor 68 traficantes e usuários de droga que frequentavam o parque.
Ontem, mais três mendigos foram detidos e interrogados. Nenhum foi considerado suspeito.
O ativista de direitos humanos Ron Kuby criticou o que ele chamou de "perseguição preconceituosa aos mendigos".
Segundo Kuby, a polícia está concentrando suas investigações nos mendigos e sem-teto, deixando de lado as outras pessoas que faziam cooper no parque no dia do assassinato.
"Às 6h da manhã existem três tipos de gente no Central Park: policiais, mendigos e corredores. Mas a polícia só está investigando os mendigos", afirmou.
A crítica de Kuby foi motivada por uma batida policial realizada ontem num abrigo de mendigos na rua 110, próximo ao local onde Maria Isabel foi assassinada.
Segundo o ativista, vários mendigos foram presos, apesar de não haver nenhuma acusação formal contra eles.
"'Quero ver o dia em que a polícia terá coragem de prender ou chamar para depor algum corredor branco, de classe média alta. Não dá para entender por que os mendigos são mais suspeitos do que eles, se ninguém viu nada", disse.
Ontem, policiais continuavam a distribuir folhetos no parque com a foto de Maria Isabel e o anúncio de recompensa de US$ 63 mil. Mas a esperança de que alguma testemunha apareça é cada vez menor.

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