São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Árabes condenam acordo Israel-OLP

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A maioria dos países árabes condenou o acordo para ampliar a autonomia do governo palestino na Cisjordânia acertado anteontem entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
O acordo será assinado nesta quinta-feira em Washington (EUA) pelo primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, e pelo líder da OLP, Iasser Arafat.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, que pretende obter da cerimônia o máximo possível de dividendos políticos, convidou para a solenidade o presidente do Egito, Hosni Mubarak, e o rei Hussein, da Jordânia.
Egito e Jordânia estão entre as poucas nações árabes que manifestaram satisfação pelo acordo entre Israel e a OLP.
A Síria, que há quatro anos tenta negociar sem sucesso uma fórmula para fazer a sua paz com Israel, acusou Arafat de ter "abandonado os direitos dos palestinos". Irã e Líbia divulgaram ataques similares contra a OLP.
O grupo terrorista Hamas (Movimento de Resistência Islâmica), que é contrário ao acordo de setembro de 1993 entre Israel e a OLP, classificou o acordo feito anteontem como "um negócio para vender a Palestina".
Outros grupos anti-OLP também condenaram o tratado.
Em Israel, onde ontem se comemorava o ano novo judaico, as reações foram poucas, devido ao feriado religioso.
Mas os partidos de oposição ao governo já haviam declarado sua discordância com o acordo na noite de anteontem.
Apesar do feriado, em Hebron, na Cisjordânia, colonos judeus e manifestantes palestinos atiraram pedras uns contra os outros, enquanto policiais israelenses apenas observavam o incidente.
Em Gaza, território em que a OLP já desfruta de maior autonomia, Arafat se defendeu: "Devemos sempre procurar o melhor, mas não temos de ser perfeitos", disse, referindo-se ao acordo que será assinado na quinta-feira.
A Casa Branca, sede do governo dos EUA e local designado para a cerimônia de assinatura, afirmou ontem que o presidente Clinton fará tudo para "manter o entusiasmo no processo de paz" no Oriente Médio.
Clinton também convidou para a solenidade o rei Hassan, do Marrocos, que não aceitou, alegando compromissos assumidos antes.
O documento de 460 páginas mais mapas e adendos detalha a retirada das tropas israelenses.
A retirada total só ocorrerá nas áreas urbanas, 30% do território. Nas rurais, a segurança será responsabilidade de Israel e OLP.

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