São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995
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Juros devem cair mais do que quer o BC

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado financeiro não atendeu ao pedido do presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, que pediu que esquecessem o BC e a taxa de juros.
Ontem, em seminário promovido em São Paulo pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef), todos disseram que a taxa de juros pode e deve cair mais rapidamente do que quer o BC.
O banqueiro Pedro Bodin, do Banco Icatu, comentou que essa unanimidade é um mau sinal. Acontece que, em qualquer país, quando o BC faz o que todo mundo está querendo, "alguma coisa está errada", disse.
Bodin acha que há espaço para uma redução mais forte e substancial dos juros. Com sua experiência de ex-diretor do BC, ele acha que isso vai acontecer brevemente.
Para ele, a diretoria do BC pode estar se prevenindo ao dizer que não vai baixar os juros. Assim, quando reduzir, ninguém vai dizer que foi insuficiente.
Os participantes mais concordaram do que discordaram das avaliações do Real. O principal consenso: o plano é um sucesso e tem um bom futuro, desde que algumas providências sejam tomadas.
Também há concordância sobre as providências. No curto prazo, maior redução dos juros e dos compulsórios (quantidade de dinheiro que os bancos são obrigados a mandar para o BC).
Ninguém aposta no reaquecimento da economia. Para 96, esperam inflação de 15% a 18% e crescimento econômico de 3% a 5%.
É medíocre, disse o ex-ministro Mailson da Nóbrega, um dos palestrantes. Mas é necessário para o prosseguimento do Plano Real.
No médio e longo prazo, as providências mais citadas são as reformas (tributária, administrativa e da Previdência), para o ajuste permanente das contas públicas e a redução do "custo Brasil".
O presidente da Associação de Comércio Exterior, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, mostrou que o produto brasileiro exportado tem carga de 20% de impostos.

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