São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995 |
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O (novo) papel do PMDB
ALBERTO GOLDMAN O PMDB tem raÃzes em todos os Estados e municÃpios do paÃs. Tem mais vereadores, prefeitos, deputados, senadores e governadores do que qualquer outro. É o maior partido nacional? Maior partido, sim, nacional, em termos.Existem duas condições fundamentais para o partido nacional: uma é a coesão nacional, isto é, não ser apenas uma federação de unidades regionais que se movem pelos seus interesses especÃficos; a outra é ter um projeto de caráter nacional, que o povo identifica pela ação de seus militantes e de seus representantes que ocupam cargos públicos. O PMDB não conseguiu, até agora, estruturar a sua ação sob uma ótica nacional, superando os interesses regionais. Nem conseguiu, perante à sociedade, ter um rumo claro na sua ação do dia-a-dia, que lhe desse uma identidade reconhecida como verdadeiro agente das transformações. O PMDB sabe, e o nosso povo reconhece, que a estabilidade da moeda e as reformas que necessitam são a base para um paÃs moderno e uma sociedade mais justa. Porém temos que afirmar que a modernidade e a justiça só se concretizam na garantia de trabalho para todos, de salários dignos, de um poder público atuante que se preocupe com a vida de milhões de oprimidos. Isso significa que desejamos mudar para melhor a vida de cada brasileiro. E mais, que desejamos ou que necessitamos de um projeto de nação que nos entusiasme e que entusiasme a sociedade brasileira, que contenha o que a nossa realidade permita alcançar e um pouco dos sonhos que tantos, em tantas gerações, tiveram de liberdade, de prosperidade e de solidariedade humana. Um partido polÃtico, para ser digno desse nome, para poder construir dias melhores, para ter futuro, deve ter clareza do que pretende para o seu povo e de como se pode alcançar esses objetivos. Não bastam a moeda estável e a economia de mercado em pleno funcionamento. Não basta o setor público desonerado de funções que não lhe são pertinentes. Essas são condições necessárias. Porém o que desejamos é uma sociedade solidária (não confundamos com um programa "Comunidade Solidária"), onde cada um se sinta como verdadeiro cidadão e saiba que, ao seu lado, existe um outro ser humano com os mesmos direitos que os seus. Vale dizer: não queremos uma selva organizada. Na prática, devemos começar por onde estamos começando, produzindo as reformas institucionais para desobstruir o caminho. Precisamos analisar e definir posições sobre cada questão concreta, colocando-a no contexto geral do interesse nacional, no rumo que desejamos. Não é possÃvel afirmar que a questão do emprego é de menor importância. Um indivÃduo sem emprego deixa de se realizar como ser humano. Um cidadão com salário irrisório ou um agricultor que não sabe se poderá plantar, colher e vender trazem uma insegurança que se equipara à violência de um assalto. Não é possÃvel aceitarmos uma sociedade com tanta disparidade de rendas entre os indivÃduos e entre as regiões do paÃs. O PMDB é o partido de mais longa tradição na vida brasileira. Sua história de lutas e de glórias e sua dimensão nacional lhe dão plenas condições de pensar a realidade brasileira e projetar o seu futuro. Mais do que isso, exigem que assuma a sua responsabilidade nas ações concretas para um Brasil melhor. Nada que se possa fazer nos dias de hoje pode ser feito sem a sua participação. Nós mesmos ainda não compreendemos essa sua dimensão polÃtica e muito menos, parece, o compreenderam aqueles que por direito assumiram o governo da nação. Não fosse assim, não serÃamos apenas a periferia do poder central, mas, pelo contrário, serÃamos parte essencial do centro de decisões sobre as polÃticas que afetam os milhões de brasileiros. Hoje administramos, por meio de alguns de nossos melhores quadros, algumas áreas da administração pública federal, mas estamos afastados, como partido polÃtico, das principais decisões. Tivemos, por exemplo, alguma voz na decisão sobre a atual polÃtica monetária (juros elevados, restrições ao crédito), que afeta os produtores e os consumidores? O certo é que isso não é bom nem para o governo nem para o partido nem para o paÃs. É preciso reformular as nossas relações com as demais forças que fazem parte da base do governo. Isso não nos obriga a perder a nossa própria identidade, pelo contrário, devemos reafirmá-la para podermos ser verdadeiros protagonistas da história de nosso paÃs. Para sermos governo ou para nos afastarmos dele! Devemos buscar o nosso projeto de nação, fazê-lo visÃvel perante a opinião pública e lutar pela sua implantação. Para isso, a nossa coesão, como partido nacional, é imprescindÃvel. O PMDB é uma imensa força polÃtica. Se soubermos usar essa força não estaremos apenas fortalecendo o partido, mas estaremos ajudando o paÃs a encontrar o seu verdadeiro caminho e seremos parceiros reconhecidos na construção de um futuro glorioso para o Brasil. Texto Anterior: SEM SAÃDA; CONCLUSÃO; SUICÃDO; ATÉ Jà Próximo Texto: D. Pedro 2º e o "custo Brasil" Índice |
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