São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 1995
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Servidores federais; Salários em Alagoas; CPMF; Trem para mulheres; Ombudsman

Servidores federais
"O presidente da República não 'desautorizou ontem o ministro da Administração Federal', conforme informou este jornal, porque jamais afirmei que os servidores teriam um aumento de 10,83%. Disse apenas ao jornal 'O Globo', em 21/9, que, se no Orçamento havia essa previsão, era possível deduzir que, em janeiro, o aumento seria em torno desse valor. Salientei, entretanto, que o governo não debatera o assunto, que só será decidido em dezembro. Reafirmei isso à jornalista da Folha ontem, repetindo praticamente as palavras do porta-voz Sérgio Amaral. Disse que o assunto não havia sido anunciado pelo governo. A jornalista, entretanto, ignorou minhas palavras e escreveu que 'o ministro Bresser Pereira reafirmou que funcionários civis e militares teriam reajuste de 10,83% em janeiro'. Até os militares foram incluídos na mesma notícia, um exemplo de mau jornalismo que só posso lamentar."
Luiz Carlos Bresser Pereira, ministro da Administração e Reforma do Estado (Brasília, DF)

Nota da Redação - Veja a seção "Erramos".

Salários em Alagoas
"A Folha de 18/9 publica no primeiro caderno matéria com o título 'Alagoas não paga salários há seis meses'. A informação não procede. O governo não pagou ainda os vencimentos de julho e agosto, mas tem uma justificativa: ao assumir em janeiro, Suruagy encontrou duas folhas atrasadas (dezembro e 13º salário), além de parcela do mês de novembro. A situação atual é a seguinte: vencidos oito meses do ano, o governo pagou oito folhas, só que duas delas foram deixadas pelo ex-governador Geraldo Bulhões. Somente o pessoal rotulado de 'serviço prestado' está com mais de dois pagamentos atrasados, contudo cumpre explicar: não se trata de servidor público, mas de gente sem concurso ou contrato, recrutada em gestões anteriores, a quem o Estado paga para não agravar a crise social do desemprego. Ainda assim, o governador já ordenou a realização de concurso para regularizar a situação desse pessoal."
Romero Vieira Belo, secretário de Comunicação de Alagoas (Maceió, AL)

Resposta do jornalista Ari Cipola - Não há qualquer erro. O texto diz que os 6.000 servidores de serviços prestados não recebem há seis meses. O secretário tenta argumentar que eles não seriam servidores. Cai em contradição ao dizer que o governo pensa em "regularizar a situação desse pessoal" que trabalha diariamente na função pública. É a conhecida figura nacional do servidor não-concursado, que obviamente também faz jus ao salário.

CPMF
"Como cidadã brasileira, não desejo pagar a CPMF. Apresentado como 'contribuição', suponho que me dá o direito de livre escolha. Pela Constituição, um imposto só pode ser cobrado um ano após ser votado. O que fazer para se driblar essa lei? Aí entra o famoso 'jeitinho brasileiro' do calote: troca-se o i de IPMF pelo c e o imposto passa a chamar-se 'contribuição'. Só que para bolso do povo, coitado, o c vale i, de mais um imposto. Que lição de enganação!"
Gloria Scanavino (São Paulo, SP)

Trem para mulheres
"Eta mania que os governantes têm de resolver as consequências e não as causas. Segregar homens e mulheres em vez de mais trens e mais ônibus. Esfregação só acontece quando se viaja em pé e espremido. Uma vez implementada essa solução, nenhuma mulher mais poderá tomar uma condução 'normal', pois os ocupantes machos certamente pensarão que ela está procurando algo além de transporte."
Ellis Feigenblatt (São Paulo, SP)

Ombudsman
"Na qualidade de ouvidor-geral do Estado do Paraná, como membro do International Ombudsman Institute e, principalmente, como assíduo leitor da Folha, envio minhas congratulações pela renovação do mandato do competente jornalista Marcelo Leite como ombudsman deste jornal. O brilhantismo da atuação do ombudsman da Folha tem contribuído para a credibilidade e disseminação da instituição, tanto na área pública como privada, em nosso país. Espero que o governo federal, seguindo o bom exemplo, institua com urgência a Ouvidoria Geral da República, funcionalmente independente, não-contenciosa, propiciando um elo de ligação entre o cidadão e o Estado, e que, apesar de não substituir a efetiva atuação da administração pública, fomente e revele, no seu agir, a projeção ética que orienta o governo em busca do respeito à plena cidadania."
João Elias de Oliveira, ouvidor-geral do Estado do Paraná (Curitiba, PR)

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