São Paulo, segunda-feira, 1 de janeiro de 1996
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Renovação do estilo está na fusão com o pop

SYLVIA COLOMBO
DA REDAÇÃO

O conjunto carioca Água de Moringa é um dos expoentes desta nova geração. O grupo nasceu em 89, tocando no circuito universitário. Estudantes da Unirio, alunos de Roberto Gnatalli, sobrinho de Radamés, formaram um conjunto de câmara de chorinho. Começaram a fazer pequenos shows e lançaram no final de 94 seu primeiro disco, "Água de Moringa".
O sucesso foi modesto, mas o selo Buda Music, da França, prepara-se para lançar o disco por lá. "Nosso trabalho é de resistência cultural, uma tentativa de não deixar a coisa parar, tornando-a atual", diz Jayme Vignoli, que toca cavaquinho. Uma das características do Água é o revezamento de solistas. "Tocamos também um repertório de MPB, traduzindo-o para o choro", diz.
Um dos primeiros grupos a fazer a fusão do chorinho com a música popular foi o Nó em Pingo D'Água. O grupo carioca, que nasceu em 91, renovou alguns elementos de arranjo e fazem um choro elétrico com saxofone.
Egresso do quarteto Villa-Lobos, Paulo Sérgio Santos fundou O Trio, junto com Maurício Carrilho, sobrinho de Altamiro, um dos mais prolíficos músicos da história do chorinho -gravou mais de 70 discos. O Trio é de formação mais erudita e faz um choro rico em arranjos harmônicos.
Já o baiano Armandinho corre por fora. Sua formação inicial foi o chorinho, mas desbancou para a música regional e eletrificada dos trios, junto com Dodô e Osmar. "Nossa música tinha a ver com choro pela descontração, por isso fiquei à vontade."
Mas Armandinho quer voltar às origens. Desde a gravação de "Brasileirô", em 89, o músico passou a trabalhar mais com choro e música instrumental brasileira com seu bandolim eletrificado.
Em 96, "Brasileirô" deve voltar ao catálogo das lojas em versão CD. "É um dos meus projetos para mostrar o quanto acredito na modernização do bandolim e da música instrumental."
Essa modernização, segundo ele, está ligada à fusão de elementos da música tradicional com elementos da modernidade, "sons urbanos" e rock. "Fiz a fusão do choro com o elétrico quando descobri Beatles e Jimi Hendrix."
Armandinho vai gravar em 96 com o Época de Ouro -conjunto fundado por Jacob do Bandolim, ainda em atividade.
O Época transcende as gerações dos chorões. O conjunto busca sua renovação com a associação a outros conjuntos. Para Jorginho, membro do grupo, "o processo mais importante vivido pelo choro é a variação de formatos."
Outros fatores vêm fazendo fervilhar novamente o cenário do choro. A revista "Roda de Choro", que lançou seu número zero em 16 de dezembro último, conta com artigos e críticas, além de rastrear o mapa do choro no Brasil. A revista terá seis edições por ano e pode ser assinada pelo valor de R$ 18 com a L.L. editora (r. Ortiz Monteiro, 276, 101, CEP 22245-100, Rio de Janeiro, RJ).

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