São Paulo, terça-feira, 2 de janeiro de 1996
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Politicamente correto já toma conta da NBA

DA REPORTAGEM LOCAL

O politicamente correto, movimento sócio-cultural que visa derrubar preconceitos e defender as minorias (às vezes, com exageros), chegou ao esporte nos EUA.
A porta de entrada foi Washington, a capital do país.
Os dois principais times da cidade resolveram mudar os nomes em razão de seu conteúdo discriminatório e impopular.
A equipe local de basquete deixará de se chamar Bullets (balas).
O anúncio foi feito por Abe Pollin, o proprietário da franquia -na NBA, os times pertencem a empresas, e não a clubes.
"Não podemos nos afastar dos interesses de nossa comunidade. Em razão da campanha antiviolência, vamos ter que mudar", disse.
Washington é uma das cidades mais violentas dos EUA. Ocupava em 1990 a segunda posição no ranking dos homicídios no país.
"Antigamente, o lema de nosso time era 'mais rápido que uma bala'. Hoje, a conotação dessa mensagem é outra. Está associada a coisas horríveis", declarou o proprietário.
A idéia surgiu em maio. Mas Pollin só anunciou a decisão após o assassinato a tiros do primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin, em 4 de novembro. "Ele era meu amigo pessoal."
Os Bullets, criados há 34 anos, decidiram ser originais. Contrataram uma empresa de marketing para mobilizar os torcedores.
O novo nome da equipe, que cumpre a 11ª melhor campanha nesta temporada entre os 29 times da NBA (15 vitórias em 28 jogos), será escolhido pelos fãs e implantado na temporada 97-98.
Os votos estão sendo dados em supermercados. Foram registrados 150 mil até o dia 20 (a região metropolitana de Washington tem 1,700 milhão habitantes).
O anúncio do resultado deverá ser feito no final deste mês.
O outro time que vai mudar de cara é o de futebol americano.
A comunidade índia (ou nativo-americana, como prefere a cartilha politicamente correta) protestou, e a direção do Washington Redskins (peles-vermelha) cedeu.
O clube, três vezes vencedor do Super Bowl (a finalíssima do esporte), ainda discute o novo nome.
Na NBA, a correção política também ganha adeptos entre os jogadores e os cartolas.
O melhor exemplo é o "Dream Team 3". A seleção que vai representar o país na Olimpíada de Atlanta excluiu todos os "bad boys", atletas conhecidos por denegrir adversários e torcedores.

LEIA
a classificação, os resultados da semana e a coluna "Basquete no Mundo" à pág. 2

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