São Paulo, terça-feira, 2 de janeiro de 1996
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Carmem corre agora por Atlanta

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

A vitória na prova feminina da corrida de São Silvestre fez renascer a atleta brasileira Carmem de Oliveira, 30. Ela, que pensava em deixar as competições, agora sonha com a Olimpíada da Atlanta.
"Meu objetivo agora é tentar o índice olímpico e garantir uma vaga na equipe para Atlanta", disse.
O índice é o desempenho mínimo exigido para que um atleta vá aos Jogos Olímpicos.
Carmem vai tentar a vaga na maratona e nos 10.000 metros. Os índices dessas provas são 2h35min e 32min30s, respectivamente.
Ela já fez esses tempos na sua carreira. Suas melhores marcas são 31min47seg nos 10.000 metros e 2h27min na maratona. Carmem é recordista sul-americana dos 5.000 e 10.000 metros.
Mas ela terá de se esforçar. "No ano passado, não consegui nenhum tempo expressivo".
Primeiro, ela deve disputar uma maratona, nos EUA ou no Japão, em março. Um mês depois, tentará o tempo para os 10.000 metros.
"Acho que será mais fácil fazer o tempo na maratona", disse.
Para melhorar seu desempenho, Carmem continuará o programa de treinamento com seu novo treinador, o mexicano Rodolfo Gomez.
Ela deixou o treinador americano Brian Apell em novembro, após o fracasso na maratona de Nova York. "Eu precisava ir atrás de novos horizontes para continuar a acreditar em mim", afirmou.
Carmem foi treinar no México, a 2.800 metros de altitude. "O Rodolfo me convenceu que o atleta nunca morre. O que morre é a mente. É preciso acreditar".
Para Carmem, os 40 dias de trabalho com Gomez no México foram fundamentais para que ela se tornasse a primeira brasileira a vencer a São Silvestre feminina.
"O Rodolfo disse que me faltava competição, mas que raça eu tinha até demais", disse Carmem.
Ela mudou também sua estratégia de marketing antes da prova.
Em anos anteriores, Carmem sempre se dizia favorita e que estava preparada para vencer.
Nos dias que antecederam a prova de domingo, ela divulgou que estava longe de sua melhor forma e que dificilmente conseguiria uma lugar no pódio.
Isso pode ter iludido as adversárias, que não acreditaram nela e não a seguiram quando ela se distanciou.

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sobre a São Silvestre às págs. 3 e 6

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