São Paulo, terça-feira, 2 de janeiro de 1996
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Livrarias têm novidades no início do ano

ANA MARIA GUARIGLIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O mercado de publicações fotográficas começa o ano com novidades. A edição da norte-americana Cindy Sherman (1954) é um dos destaques, trazendo uma retrospectiva de duas décadas. Ela se coloca como a modelo de suas fotos, mas prefere não dizer que é fotografada.
As fotos são conhecidas e algumas foram expostas em São Paulo, no ano passado. Seus retratos formam uma experiência curiosa, misturando sentimentos e sensações enigmáticos.
Não são retratos no sentido tradicional, mas também não escapam do maneirismo estético. Os registros das heroínas dos filmes dos anos 50 e 60 compõem a série mais atraente da sua coleção.
Sherman explora ironicamente a condição dos mitos femininos e se revela sob várias perspectivas.
Em um de seus ensaios mais recentes, a artista produziu flagrantes ficcionais e distorcidos, usando bonecas e trabalhando na manipulação de negativos.
Outro lançamento, "Altars", traz as imagens extravagantes do norte-americano Robert Mapplethorpe (1946-1989) como os órgãos sexuais masculinos fotografados em sua plenitude e os rituais sadomasoquistas.
Mas também há belos retratos como os da cantora Patti Smith -que foi sua namorada- e nus masculinos e femininos, que evidenciam seus cuidados com a cor e a geometria das composições.
Morto aos 42 anos, vítima da Aids, sua obra continua criando polêmicas, mas é pouco discutida sob o aspecto artístico.
Pierre Molinier e Diane Arbus são pouco divulgadas no Brasil, mas valem a pena ser conhecidos pelo conteúdo de suas obras.
O francês Molinier (1900-1976) apresenta sua fase surrealista da década de 50, misturando fotografia, pintura e fotomontagens, com extremo apuro técnico.
As imagens são manequins, com atributos femininos e masculinos, e seus corpos, cabeças e pernas se entrelaçam, lembrando as posturas do "Kamasutra".
"Untitled" reúne uma coletânea da norte-americana Diane Arbus (1923-1971), feita entre 69 e 71.
Arbus retrata pessoas com problemas mentais em seus afazeres diários. É a primeira edição do ensaio após o suicídio da fotógrafa.
Arbus se notabilizou por fotografar as anomalias humanas, mas não estava atrás de uma expressão pessoal ou de soluções artísticas.
A fotógrafa visava unicamente captar os fatos reais e as experiências da vida em suas diversas manifestações. Apesar do grotesco causar certo impacto, suas fotos tendem a um certo lirismo visual.
Para os entusiastas de biografias fotográficas, a indicação é a edição sobre a vida do cantor Elvis Presley (1935-1978).
Além das 200 fotos em cores e preto-e-branco, o leitor poderá curtir quatro CDs com as canções mais conhecidas do cantor.
Uma boa forma de redescobrir a fotografia em preto-e-branco como arte e técnica é o livro de John Hedgecoe. Como um guia, ele ensina a obter boas fotos com o filme e os procedimentos na revelação.

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