São Paulo, quarta-feira, 3 de janeiro de 1996
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São Silvestre deve garantir o patrocínio para Carmem

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Além dos R$ 10 mil que faturou de premiação, a vitória na prova feminina da São Silvestre deve render a Carmem de Oliveira a renovação de seu patrocínio com o Banco do Brasil (BB).
O banco público federal estudava rescindir o contrato com a atleta, devido ao baixo desempenho que ela teve durante o ano de 1995. O contrato vence no próximo dia 31.
"Eles não fizeram ainda nenhum contato para a renovação. Espero que agora mudem de idéia e renovem o patrocínio", disse Carmem à Folha no dia seguinte à vitória.
Ela faz parte de um seleto grupo de esportistas apoiados pelo banco oficial. O patrocínio, porém, está vinculado ao desempenho obtido pelo atleta.
Com um rendimento positivo, o atleta passa a ser interessante como veículo de propaganda para quem o patrocina.
"Fica difícil pedir patrocínio sem conseguir resultados", reconhece Carmem.
Ela mesmo admite que não alcançou nenhum resultado expressivo em 1995. Foi um de seus piores anos. Em novembro, ela decidiu até trocar de treinador.
Isso apesar de ela ter sido medalha de ouro nos 10.000 metros nos Jogos Pan-americanos, em fevereiro. A prova, porém, teve um nível técnico muito fraco.
"Um ano sem resultados expressivos pode interferir no patrocínio. Mas o resultado na São Silvestre também pesa nas negociações", afirmou Carlos Alberto de Carvalho, assessor de comunicação do BB.
Ele disse que o banco ainda não decidiu se renova ou não o contrato com Carmem. "Até o momento não há nenhuma decisão tomada."
Há a possibilidade de o contrato, hoje anual, ser renovado por apenas seis meses. Isso vincularia o patrocínio ao desempenho na Olimpíada de Atlanta, caso Carmem se qualifique para os Jogos.
Segundo Carvalho, o retorno da vitória na São Silvestre em termos de imagem para o banco foi "fantástico" nos últimos três dias.
Carmem se apresenta sempre com a camiseta e o boné amarelos do BB. Ela tem o apoio do banco há oito anos.
"Sem um patrocínio forte, você fica limitado em termos de viagem para competições e treinamento. Isso afeta o seu desempenho", disse a corredora.
Ela atualmente treina no México. Em março, tentará o índice olímpico para a maratona em provas nos EUA ou no Japão.
Nem o BB nem a atleta quiseram revelar o valor do patrocínio. "Mas ele permite que a Carmem viaje para fora sem restrições", disse Carvalho.
A primeira brasileira a vencer a São Silvestre feminina ressalta ainda que o apoio dá "uma certa estabilidade financeira".
"A carreira do atleta é curta. O atletismo deveria deixar você tranquilo, como ocorre no futebol ou no vôlei. Mas é difícil sem patrocínio", disse.

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