São Paulo, quarta-feira, 3 de janeiro de 1996
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96 começou dia 25

CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO - Balanço final do Natal-95, feito pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo: o comércio vendeu fisicamente mais (3% sobre 94), mas faturou bem menos (entre 12 e 13% abaixo do ano anterior).
Esses números serão divulgados ainda esta semana e combinam com os anunciados antes do Natal pela Associação Comercial de São Paulo. Ou seja, o consumidor está gastando pouco, embora compre mais itens.
O problema é a tendência detectada pelo presidente da Associação Comercial de São Paulo, Élvio Aliprandi, para a semana pós-Natal: "Em 1994, o comércio continuou vendendo depois do Natal e até depois do Ano Novo, até mais ou menos 15 de janeiro".
Já em 95, as vendas pararam um dia antes do Natal, constata, por sua vez, Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio. "Não houve o nível de vendas que se poderia esperar nem mesmo no dia de Natal" (um domingo em que o comércio abriu suas portas), contabiliza Szajman.
De lá para cá, parece ter havido uma anemia generalizada nas vendas do comércio.
De certa forma, pode-se dizer que 1996 começou no dia 25 de dezembro de 1995. Afinal, a previsão virtualmente unânime do empresariado era a de que a economia viveria um primeiro trimestre (ou até um primeiro semestre) bem difícil no ano que recém-começou.
A julgar pelas estimativas de Szajman e Aliprandi, a anemia já se instalou nos últimos sete dias de 1995.
É por isso que Aliprandi não se entusiasmou com a circular do Banco Central, por ele recebida apenas ontem, autorizando renegociação de dívidas das empresas em condições relativamente favoráveis.
"Ajudar, ajuda, mas não vai reverter a situação", calcula o presidente da ACSP.
Aliprandi enfatiza um dado importante: grande parte das falências e concordatas do período final de 95 não foi de empresas novas, mas de firmas constituídas de 1987 para trás.
Por tudo isso, dá para temer que o trimestre (ou o semestre) que inaugura o ano seja realmente de amargar. Afinal, se já foram batidos recordes de falências e concordatas em 1995, imagine-se então o que tende a ocorrer daqui para a frente.

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