São Paulo, quinta-feira, 4 de janeiro de 1996
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Tombada em 65, construção tem cúpula com as cores da bandeira

ANA VINHAS
DA ENVIADA ESPECIAL A MANAUS

Os guias que acompanham os turistas em visita têm orgulho em afirmar que o Amazonas é o 4º teatro do mundo com acústica mais perfeita, perdendo apenas para o Escala, de Milão, Opéra Palais Garnier, de Paris, e o Royal, de Londres.
Mas esse detalhe chega a passar despercebido no meio de tantos outros. Logo na parte externa, a cúpula do prédio, que foi tombado como patrimônio nacional em 1965, tem 36 mil escamas em cerâmicas esmaltadas pintadas com as cores da bandeira nacional.
As calhas do local foram feitas em forma de esculturas para disfarçar os canos que escorrem a água da chuva.
A nave central tem capacidade para 700 pessoas, 250 na platéia e 90 camarotes com cinco lugares. No teto, as pinturas do italiano Domenico de Angelis representam a música, tragédia, dança e ópera. Essas pinturas também homenageiam Carlos Gomes.
As máscaras nas paredes em volta da platéia também homenageiam vários artistas, como o escritor alemão Goethe e os compositores Mozart e Bethoven.
Mas o charme do teatro são as cadeiras da platéia e dos camarotes, com espaldar arredondado, em madeira e veludo bordô.
No saguão dos camarotes, o piso é listrado de branco (em marfim) e preto (em jacarandá), representando o encontro das águas dos rios Solimões e Negro. Esse é o mesmo tema do pano de boca do palco.
A pintura "O Encontro das Águas" foi feita em Paris pelo artista brasileiro Crispim do Amaral. O pano sobe até 15 metros verticalmente sem dobrar a tela.
O salão nobre, que fica no segundo andar, também é decorado com pinturas de Domenico de Angelis.
Se o visitante atravessa o salão olhando para a tela "A Glorificação das Belas Artes do Amazonas", que está no teto, tem a impressão de ver o braço da musa se movimentar.
As sacadas dão para a igreja de São Sebastião, que foi construída em 1888 e também tem pinturas de De Angelis.
Outro destaque da sala é o piso. Ele é formado por cerca de 12 mil peças de madeira encaixadas sem prego ou cola.
Tudo é atração. Os lustres de Murano, os espelhos dos corredores e dos banheiros, as escadas de ferro.
Para não se afogar em detalhes, a dica é fazer a visita acompanhado de um dos guias do teatro, que dão informações históricas, além da programação.
O teatro fica aberto para visitação das 9h às 16h, de segunda a sábado. O ingresso custa R$ 4.
Para continuar a viagem no tempo no centro histórico de Manaus é bom conhecer o Mercado Municipal Adolpho Lisboa -que teve sua construção inspirada no antigo Les Halles de Paris-, o prédio da alfândega -construído em 1906, com pedras e tijolos importados da Inglaterra- e o porto flutuante, também construído no começo do século para acompanhar as grandes cheias do rio Negro.
(AV)

Endereços e informações - Teatro Amazonas: pça. São Sebastião, s/nº, tel. (092) 622-2420; Mercado Municipal: r. Recife, 1.999, tel. (092) 236-1241; Alfândega: r. Marquês de Santa Cruz, s/nº; Porto flutuante: av. Marquês de Santa Cruz, 264.

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