São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 1996
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PMDB ameaça emperrar reformas de FHC

LUCIO VAZ; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do PMDB ameaça emperrar as reformas administrativa e previdenciária de olho nas eleições municipais. O partido não quer votar medidas como mudança na aposentadoria por tempo de serviço e fim da estabilidade dos servidores.
"O partido não vai votar medidas impopulares", afirmou o líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP). "Sou contra a supressão de direitos adquiridos", disse o líder no Senado, Jáder Barbalho (PA). A posição do partido foi anunciada após café da manhã na casa do presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP).
A reunião foi convocada a pedido do presidente nacional do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE).
Ficou decidido que o PMDB poderá realizar Convenção Nacional extraordinária, a partir de março, após consulta aos diretórios estaduais, para oficializar a sua posição sobre as reformas.
Sarney resumiu o resultado da reunião: "O PMDB não vai romper com o governo, mas manterá sua independência nos assuntos problemáticos". Ele almoçou com FHC e ouviu uma promessa.
"O presidente quer um relacionamento mais estreito e menos conflituoso com o Congresso. Ele vai abrir espaço para a participação mais efetiva dos partidos aliados antes de as propostas do governo chegarem ao Congresso."
Os líderes do PMDB não escondem que a posição do partido está relacionada com as urnas.
"As eleições influenciam na votação do Congresso. A sociedade fica mais mobilizada. O parlamentar está ligado às suas bases. O PMDB vai fazer a reforma compatível com os anseios da sociedade", disse Temer.
Perguntado se a posição não traduz interesse eleitoreiro, respondeu: "Que seja se for a forma de rejeitar as propostas que estiverem contra os interesses da população. Se eleições sempre produzissem benefícios ao povo, seria ótimo".
Barbalho afirmou que o direito adquirido "é uma figura da sociedade jurídica organizada. Se você acaba com o direito adquirido, acaba com a sociedade". Ele disse que a reforma constitucional é algo que "ultrapassa governos".
Temer afirmou que vai se encontrar com representantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores), contrária à reforma, na próxima segunda-feira. Ele disse que, mesmo que o partido vote a favor da reforma da Previdência na comissão especial, poderá rever a posição em plenário.
As centrais sindicais estão contrárias a proposta do governo que acaba com a aposentadoria por tempo de serviço. (leia texto à pag.1-6)
"Não há como votar a reforma da Previdência a toque de caixa. Não adianta fazer uma reforma contra a maré, contra a sociedade", disse Temer. Segundo Temer, no período de convocação extraordinária -8 de janeiro a 14 de fevereiro- haverá tempo para votar a emenda da reforma previdenciária só na comissão especial.

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