São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 1996
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Bozano planeja 'enxugamento' para o Banerj

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O Banco Bozano, Simonsen, gestor privado do Banerj (Banco do Estado do Rio de Janeiro) está preparando um plano de emergência para iniciar o processo de saneamento do banco, que inclui demissões e fechamento de agências.
Segundo a Folha apurou, as demissões poderão começar em duas semanas e os primeiros alvos deverão ser empregados do banco que hoje prestam serviços a órgãos estaduais. Não foi esclarecido se as demissões serão obrigatórias ou voluntárias, por meio de um programa de incentivos.
O Banerj tem hoje 11,5 mil empregados, 218 agências e 105 postos de atendimento. De acordo com informações do mercado, o número de empregados pode ser reduzido em cerca de 4.000.
O Bozano, Simonsen assumiu a gestão do Banerj no dia 2 deste mês, com o objetivo de sanear o banco e prepará-lo para ser privatizado. A principal meta da nova gestão é tornar o banco lucrativo operacionalmente.
Hoje ele opera com prejuízo diário de aproximadamente R$ 1,5 milhão, além de ter um rombo acumulado de aproximadamente R$ 1,8 bilhão.
A continuidade das operações do banco só é possível porque ele está funcionando sob a proteção do Banco Central, por meio de um Raet (Regime de Administração Especial Temporária). O Raet, decretado em 31 de dezembro de 94, foi renovado no final de 95 por mais um ano.
TCE
O presidente do TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro), Sérgio Quintella, disse ontem que o órgão vai dar apoio informal à gestão do Bozano no Banerj, prestando esclarecimentos sobre como o banco privado deve agir na gestão de patrimônio público, como é o Banerj.
Na manhã de ontem, Quintella se reuniu com o presidente do Bozano, Paulo Ferraz, e o vice, Cristiano Franco Netto, na sede do TCE-RJ. Segundo ele, a reunião foi para comunicar aos dirigentes do Bozano que eles terão que agir no Banerj de acordo com a legislação que rege a gestão de um bem público.
O presidente do TCE-RJ disse que se o Bozano quiser vender qualquer bem patrimonial do Banerj (imóveis, empresas subsidiárias e outros) terá que fazê-lo por meio de licitação pública.
Todas as compras terão que ser feitas também de acordo com a legislação do setor público. Já na área de demissões ou dos negócios normais de um banco comercial (compra e venda de títulos, etc) o TCE-RJ não vai interferir, por não ser da sua competência.
Para dar "flexibilidade" à gestão do Bozano, Quintella vai colocar um técnico do TCE-RJ à disposição dos gestores do Banerj para prestar esclarecimento e tornar mais ágil a administração do banco.
O técnico designado foi o secretário-geral de Controle Interno do Tribunal, Jessé Gomes.

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