São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 1996
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Padre se oferece como refém e polícia recusa

DA FOLHA RIBEIRÃO

O padre Gisberto Antonio Pugliesi, 64, da Pastoral Social de Ribeirão Preto se ofereceu ontem, às 14h30, para assumir o lugar do investigador Luiz Carlos Molina como refém dos dois presos.
Pugliesi também propôs ao GER (Grupo Especial de Resgate), que está no comando da operação, participar das negociações com os presos junto com os policiais.
O padre trabalha com pessoas carentes e pacientes de Aids na periferia de Ribeirão Preto.
"Fazia um ano que eu não vinha à cadeia por causa de problemas de saúde", diz Pugliesi, que já intermediou negociações com presos em rebeliões anteriores.
O padre disse que o longo período em que Molina está em poder dos dois presos o motivou a oferecer-se para ocupar seu lugar.
"Eu estou bem. Parei no posto, enchi o tanque e calibrei os pneus. Estou pronto para seguir a viagem com os presos, caso eles sejam libertados", afirmou.
Pugliesi disse não temer ser morto e afirmou que vai aguardar o tempo necessário para ter uma posição sobre suas propostas.
O delegado do GER, Fábio Dalmas, 31, disse que o padre não irá intermediar qualquer tipo de negociação com os presos.
O padrasto do preso André Ramos de Oliveira, o encanador Djalma Flores de Oliveira, 41, disse ontem à tarde que o enteado sempre foi "encrenqueiro" e não que descarta a possibilidade de ele matar o refém, o investigador Luiz Carlos Molina.
O padrasto disse que não vê o enteado há quatro meses. Oliveira entrou na tarde de ontem na cadeia pública de Vila Branca para tentar conversar com o enteado.
O GER (Grupo Especial de Resgate) descartou a participação do encanador nas negociações com o preso rebelado.
"Acho difícil ele atender meu pedido para se entregar em uma situação como essa, mas quero tentar conversar", afirmou Djalma Oliveira.

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