São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 1996
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Alimentos e importados derrubam inflação

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A boa oferta de alimentos e a competitividade, principalmente de produtos importados, foram os principais responsáveis pela redução da inflação de 95 para o menor patamar dos últimos 22 anos.
A análise é de Juarez Rizzieri, presidente da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que divulgou ontem os dados finais da inflação de 95. Em dezembro, a taxa foi de 1,21%, próxima ao 1,17% de novembro.
Em 95, os preços subiram 23,16%, em média, a menor taxa anual desde os 16,96% de 73, como a Folha já havia antecipado. Em média, os preços subiram 1,75% por mês, no ano passado.
A inflação de 95 foi pressionada por serviços, que subiram 55%. A alta ocorreu principalmente no primeiro semestre. Somente aluguéis subiram 160%.
No Plano Real, o aumento dos aluguéis foi de 320%, em média. Os custos com habitação subiram 49,77% no ano passado.
Matrículas e mensalidades escolares, com reajuste de 59% no ano e transportes urbanos, com 32%, também estiveram entre os itens de maior peso na inflação.
Já alimentos e vestuário foram os dois setores que mais contribuíram para a acentuada desaceleração da taxa, que, em 94, tinha sido de 941,25%.
Os alimentos aumentaram só 6,44% durante 95. Os semi-elaborados, devido à queda de preços das carnes, tiveram redução de 1,31%, enquanto os "in natura" recuaram 5,05%. Já os industrializados subiram 15,53%.
A inflação de 96 deve ser ainda menor que a de 95, podendo ficar entre 15% e 17%, segundo Rizzieri. As pressões de 96 vão vir de reajustes salariais, que estão sendo feitos pela inflação passada; de alimentos, que devem ter oferta menor devido à quebra de safra; e do déficit público.
Com relação a este último, as indústrias repassam preços para seus produtos como forma de se precaverem de eventuais perdas devido ao desarranjo financeiro do governo, diz Rizzieri.
Apesar das boas previsões, 96 começa mal. A inflação de janeiro deve ficar em torno de 1,6%, dada a pressão de matrículas, mensalidades escolares, hortifrútis e gastos com energia elétrica e telecomunicações. A partir de fevereiro, a taxa se acomoda próxima a 1%, dependendo das pressões sazonais.

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