São Paulo, terça-feira, 9 de janeiro de 1996
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Bolsa paulista tem novo dia de valorização

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa paulista fechou com alta de 0,99%. Os títulos da dívida também subiram.
A Bolsa chegou a subir mais (2%), mas não resistiu a um novo movimento de realização de lucros. O volume negociado, de R$ 289,862 milhões, foi considerado bom pelos analistas.
O movimento altista foi iniciado pelos estrangeiros. Há um excesso de liquidez no mundo -dinheiro que está procurando um rumo.
E está rumando cada vez mais para a renda variável (caso das ações), já que a economia mundial "morna" aconselha, pra evitar a recessão e o desemprego, o emprego de juros menores.
O Brasil é certamente um dos poucos casos no planeta (talvez o único) em que o início de uma crise bancária, já contornada, não foi acompanhada de uma queda, digna da palavra, das taxas de juros.
O BC, aparentemente, continua testando seu bumerangue.
O que importa é que, voltando às Bolsas, embora o movimento tenha sido iniciado pelos estrangeiros, o grosso da alta foi feito mesmo com dinheiro local.
A diferença não é trivial. O investidor local ainda é um jogador de curto prazo; o estrangeiro, não.
Isso significa que, se por qualquer motivo, o estrangeiro não vier, a alta pode ser abortada.
Pouquíssimos analistas enxergam o cenário das Bolsas sem a sétima cavalaria. Só se sabe que os índios morrem.
Para eles, só existe uma chance de os dólares não chegarem: fracassarem de forma retumbante as negociações sobre o Orçamento entre o presidente Clinton e o Congresso de maioria republicana.
A possibilidade é mínima, dizem. É que, com esse resultado, todos perderiam o jogo, preliminar das eleições norte-americanas.
Nas áreas de juros e câmbio, não há novidades. O BC estabelece (na verdade, já estabeleceu) o preço e pronto. As apostas já foram feitas. O futuro registra poucos negócios. É a estabilidade.
No fundo, só uma novidade. Chegou janeiro e continua não entrando dólar pelo flutuante. Uma novidade programada.
Antes, para participar da "festa Brasil", o investidor escolhia a porta de entrada. Agora, em uma delas, a conta de não-residente, o BC botou um porteiro e ele cobra 7% para deixar entrar. Ninguém entra.

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