São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996
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Refém de presos é solto após 94 h

RITA MAGALHÃES
DA FOLHA RIBEIRÃO

O investigador Luiz Carlos Molina foi libertado às 13h de ontem após ficar 94 horas trancado na carceragem da Cadeia Pública de Ribeirão Preto como refém de dois detentos que tentavam fugir.
O motim teve a mesma duração do até então mais longo registrado no Estado, em março de 95, no presídio de Tremembé (135 km de SP), quando dez agentes penitenciários foram mantidos reféns.
Os presos Anderson Tadeu Teixeira, 22, e André Luiz de Oliveira, 21, decidiram se entregar à polícia na manhã de ontem, na presença de familiares e da imprensa.
Em troca da libertação, os presidiários exigiram a revisão de suas penas, a permanência na cadeia de Ribeirão, que não fossem maltratados fisicamente e que seus familiares ficassem na cadeia até estarem acomodados em suas celas.
Eles negaram ter sido vencidos pelo cansaço e pela fome. "Ficaríamos aqui mais um mês se fosse preciso", disse Oliveira. Os presos e o investigador ficaram quase 80 horas sem comer. Na noite de anteontem, os detentos trocaram uma arma calibre 22 e uma pistola 635 por lanches e água.
Após a rendição, Molina foi levado ao Hospital São Francisco, onde ficou por cerca de três horas. Ele tomou quatro litros de soro.
Segundo o médico Fábio Galette, 30, ele estava desidratado, desnutrido e com forte dor nas costas causada por um tombo ocorrido durante a tentativa de fuga.
Os dois presos foram atendidos no Pronto-Socorro Municipal e também receberam soro.
Segundo o policial Aloízio Antônio de Oliveira, os presos consumiram laranjas, uísque e uma batida de morango que havia na carceragem nas primeiras 30 horas.
O investigador Molina disse que foi obrigado a tomar água da chuva para matar a sede.
"Eles estavam com muita fome e tinham armas suficientes para fazer a troca", disse o delegado do GER (Grupo Especial de Resgate), Carlos Eduardo Duarte de Carvalho, que afirmou que a troca de armamento por comida e água fazia parte da estratégia de rendição.
André Oliveira disse que decidiu se entregar depois de ouvir seu pai e sua mãe chorando e apelando para que não se suicidasse.
Os presos confirmaram que tinham quatro armas automáticas, revólveres calibres 22 e 38, mas negaram que tivessem duas granadas, afirmando ter blefado para evitar a invasão da polícia.

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