São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996
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Investigador diz que torce por rebelados

DA FOLHA RIBEIRÃO

O investigador Luiz Carlos Molina disse que os presos que o mantiveram como refém por 94 horas são bons e que torce para que eles tenham sorte na vida.
Ele concedeu entrevista coletiva à imprensa no final da tarde de ontem, após ser medicado no Hospital São Francisco. Leia a seguir alguns trechos da entrevista.
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Pergunta - Como você está?
Molina - Estou muito abatido. Tomei quatro frascos de soro, porque estou muito desidratado e desnutrido, mas sei que amanhã ou depois vou estar recuperado.
Pergunta - Em algum momento você foi agredido pelos presos?
Molina - Fisicamente não.
Pergunta - Qual é o seu recado para Anderson e André, agora que tudo acabou?
Molina - Quero que eles reflitam sobre tudo o que fizeram. Eu tenho certeza que eles não vão fazer isso de novo. Eu vou estar torcendo para que eles tenham sorte na vida.
Pergunta - Você aprovou a ação do GER (Grupo Especial de Resgate)?
Molina - A princípio a gente fica preocupado, mas depois a gente cai na realidade e vê que os policiais estavam certos. Eles tinham que ter feito exatamente como fizeram.
Pergunta - Qual foi o momento mais difícil lá dentro?
Molina - Foi na hora em que eu consegui tirar o carcereiro e eles me pegaram como refém. Eu tinha certeza que eles iam me matar, mas depois a situação foi acalmando. Depois que a situação se acalmou, fui percebendo que eles não são tão ruins como a imprensa anunciou.
Pergunta - Você acha que a imprensa atrapalhou a negociação entre os presos e os agentes?
Molina - A partir do momento em que eles ficaram sabendo que o Marcos Chagas (um preso) tinha morrido, eu achei que era o fim. Mas depois se acalmaram e eu sentia que já os havia conquistado.
Pergunta - Eles usavam drogas na carceragem?
Molina - Eles vieram do pátio drogados. Eles tinham um pacote de pó branco no bolso, mas, se usavam a droga, era nos poucos momentos em que dormi.
Pergunta - Os presos te obrigaram a pedir alguma coisa?
Molina - Eles pediram para que eu pedisse comida e água para o meu consumo. Eles não são tão ruins como foi dito. Claro que têm problema com a Justiça, mas sei que isso vai ser acertado.

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