São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996
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'A Gaivota' discute o conflito de gerações

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Peça: A Gaivota, de Anton Tchecov
Direção: Jorge Takla
Elenco: Walderez de Barros, Samantha Monteiro, Elias Andreato e Charles Moeller
Estréia: dia 12, às 21h; de quinta a sábado, às 21h, domingos, às 20h
Onde: Teatro Nélson Rodrigues (av. Chile, 230, Rio, tel. 021/262-0942)
Quanto: de R$ 10,00 a R$ 15,00 (descontos de 50% aos domingos para pessoas acima de 55 anos, classe teatral, professores e médicos do município e do Estado)

Os dramas do amor, do conflito de gerações e da criação artística entram em cena em "A Gaivota", clássico de Anton Tchecov (1860-1906) com um século de existência, que estréia nesta semana no Rio. A direção é de Jorge Takla.
Marco no teatro russo, "A Gaivota" parte do quadrado amoroso que surge do encontro, numa casa de campo, entre os quatro protagonistas: a atriz Arkádina; seu amante, o escritor Trigorin; o filho dela, Treplev; e a namorada dele, Nina.
Arkádina e Trigorin são consagrados em suas profissões. Treplev é um jovem escritor, e Nina, uma atriz iniciante.
As profissões e amores se misturam quando Nina apaixona-se por Trigorin e engravida.
Os quatro personagens -Treplev em especial- debatem-se entre o novo e o velho, o moderno e o clássico na criação artística.
A angústia do jovem Treplev é saber qual estilo deve seguir ao escrever para o teatro.
Apesar do final trágico, "A Gaivota" foi definida por Tchecov como uma comédia, termo que usava para todas as suas peças.
O espetáculo estreou em 1896 e inaugurou, dois anos depois, o Teatro de Arte de Moscou, sob direção de Konstantin Stanislavski.
A simplicidade e o despojamento do texto de "A Gaivota" foram a primeira base usada por Stanislavski na criação de seu método de interpretação.
"Foi um dos primeiros textos sem vedetes e figuras irreais. Os personagens são austeros, sem a grandiloquência forçada e a grandiosidade comuns à época", afirma Walderez de Barros, que vive Arkádina pela segunda vez.
Elias Andreato é Trigorin, e Charles Moeller vive o angustiado Treplev.
Takla foi buscar na escola de atores de Antunes Filho, em São Paulo, a jovem Samantha Monteiro, que interpreta Nina (leia texto sobre a atriz ao lado).
A montagem de Takla é clássica, com figurinos de época e texto original. O diretor juntou em dois atos os quatro originais e faz duas mudanças de cenário com as cortinas abertas.
"Procurei agilizar o ritmo, evitando as pausas e silêncios intermináveis que caracterizavam as montagens de Tchecov nos anos 60 e 70. Valorizei o que considero mais importante no autor: personagens que riem, choram, amam e sofrem", afirma Takla.
Como o próprio personagem Treplev, Takla diz que tenta desconsiderar os padrões e modismos para deixar que o texto e os atores conduzam a montagem.
"Tchecov escreveu com amor sobre o amor. Esta é a única maneira de entender sua obra. Com o coração", escreve Takla no texto de apresentação do espetáculo.
"A Gaivota" fica em cartaz até 31 de março no teatro Nélson Rodrigues, no centro do Rio. Não há por enquanto previsão de temporada em outras capitais.

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