São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996
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Não-chineses ficam em Hong Kong após 97

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A China concordou ontem em permitir, depois de 1997, a permanência em Hong Kong dos atuais residentes que não têm origem chinesa. No próximo ano, a colônia britânica volta ao controle de Pequim.
A decisão chinesa foi anunciada numa entrevista coletiva por Malcolm Rifkind, secretário (ministro) das Relações Exteriores do Reino Unido. Ele começou ontem visita oficial de três dias a Pequim.
O governo britânico pressionava a China para garantir aos habitantes não-chineses de Hong Kong seu direito de continuar morando no território quando ele voltar ao controle de Pequim.
Na troca diplomática de concessões, Rifkind anunciou que o Reino Unido decidiu aumentar o intercâmbio militar com a China, praticamente congelado desde 1989. Naquele ano, o governo chinês reprimiu com violência manifestações pró-democracia.
Londres e Pequim colecionam uma história de relações conturbadas. No século passado, Hong Kong passou a controle britânico.
Em 1984, os dirigentes da China, Deng Xiaoping, e do Reino Unido, Margaret Thatcher, acertaram a devolução da colônia para 1997.
Hong Kong representa um dos mais importantes centros do capitalismo asiático. O governo comunista de Pequim se comprometeu a manter seu sistema inalterado pelo menos nos próximos 50 anos.
Apesar do compromisso, a China já sinalizou restrições à democracia. Promete dissolver o Conselho Legislativo, que Pequim argumenta ter sido criado numa iniciativa britânica unilateral.
Malcolm Rifkind pediu ao chanceler chinês, Qian Qichen (pronuncia-se tchian tchitchen), que seja revista a decisão de dissolver o Conselho Legislativo.
Qian foi evasivo na resposta. Disse apenas que Pequim deseja manter a confiança da população no futuro de Hong Kong e busca um "bom período de transição".
Grupos pró-direitos humanos e partidos de oposição aos comunistas temem restrições que a China possa impor ao sistema democrático de Hong Kong.
Já o empresariado da colônia, pelo menos entre seus integrantes de maior destaque, fechou aliança com Pequim para garantir estabilidade no mundo dos negócios.
Rifkind também falou de direitos humanos. Mencionou acusações de abusos em orfanatos chineses, especialmente em um de Xangai, que, para eliminar suposto excesso de internos, provocaria a morte de crianças alimentando-as inadequadamente.
Qian Qichen qualificou as acusações como "sem fundamento".

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