São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996
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Negociação fracassa e EUA podem parar

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Depois de 50 horas de negociações nas duas últimas semanas, o presidente dos EUA, Bill Clinton, e os dois principais líderes da oposição suspenderam ontem sem acordo suas conversas sobre o Orçamento federal.
O fracasso pode provocar no próximo dia 26 a terceira paralisação parcial da administração em dois meses. Em novembro, o governo parou por cinco dias e em dezembro e janeiro por mais 21.
Os Estados Unidos estão sem Orçamento aprovado desde o início do ano fiscal de 1996, que começou em 1º de outubro do ano passado.
A oposição a Clinton, que tem maioria nas duas casas do Congresso, condicionou a aprovação do Orçamento deste ano a um plano para equilibrar as contas públicas federais pelos próximos sete anos.
Clinton dizia ser impossível equilibrar o Orçamento em menos de nove anos. Mas aceitou trabalhar no prazo dado pela oposição e com os números usados pelo Congresso.
A oposição, no entanto, rejeitou a proposta que o presidente lhe ofereceu na semana passada.
O senador Bob Dole, provável adversário de Clinton na eleição presidencial de novembro, pelo Partido Republicano, disse ontem que a oposição está pronta para voltar a negociar assim que o presidente Clinton apresentar "novas idéias".
Tanto ele quanto Clinton procuraram ser conciliatórios nas entrevistas em que anunciaram o "recesso" das reuniões.
O presidente, que perdeu muita popularidade desde o início da segunda paralisação parcial do governo, em 16 de dezembro, disse que as negociações podem ser retomadas em uma semana.
Dole, que conseguiu desde dezembro empatar com Clinton nas pesquisas de intenção de voto para presidente, se recusou a falar em datas.
A oposição concordou na semana passada em reabrir o governo por três semanas a partir da segunda-feira passada.
Por causa da neve, o governo continuou parado segunda e terça e só vai reabrir hoje, mesmo assim com ponto facultativo.
Tanto Dole quanto seu colega, o presidente da Câmara Newt Gingrich, sugeriram que a oposição poderá tentar aprovar o seu plano para o Orçamento com o apoio de dissidentes do partido de Clinton.
Dole e Gingrich deram a entender que eles já contam com o apoio de dois terços do Senado e da Câmara, com os quais poderiam derrubar eventuais vetos do presidente.

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