São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996 |
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Derrotado, Walesa quer voltar a ser eletricista
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS O ex-presidente da Polônia Lech Walesa, derrotado em sua tentativa de reeleição em novembro, anunciou ontem que quer voltar a trabalhar como eletricista no estaleiro Gdansk."Uma carta será mandada hoje (ontem) para a gerência do estaleiro, na qual anuncio minha volta ao trabalho depois do período de licença especial", disse Walesa, 52. O ex-presidente era operário em Gdansk em 1980, quando fundou o sindicato Solidariedade, e obteve uma licença não-remunerada em 1989, após vencer as eleições presidenciais. Amigos e aliados sugerem que a atitude de Walesa é uma tentativa de voltar às suas origens operárias após a derrota para o ex-comunista Aleksander Kwasniewski e, ao mesmo tempo, chamar a atenção para sua precária situação como ex-presidente. "Há uma lógica interna quando consideramos que Walesa, o trabalhador, criador do Solidariedade e ex-presidente, está voltando às raízes", disse Bronislaw Geremek, ex-aliado de Walesa e atual líder do Partido União pela Liberdade. O salário de um eletricista em Gdansk equivale a US$ 200. Como ex-presidente, Walesa tem direito a um guarda-costas (salário de US$ 400), um carro e assistência médica em hospital público. Políticos sugeriram que Walesa fosse transformado em senador vitalício, mas a idéia foi vetada pelos social-democratas, que venceram as eleições. A mulher de Walesa, Danuta, não estranha a atitude do marido: "Como não ofereceram outras condições para a primeira pessoa do Estado, por que não? Estamos acostumados a viver em circunstâncias difíceis". O casal tem oito filhos. A situação financeira de Walesa, porém, não é apertada. Em 1989, ele recebeu US$ 1 milhão de um estúdio de cinema que queria fazer um filme sobre sua vida. Autoridades fiscais estão tentando fazê-lo pagar impostos sobre o valor. Seus aliados acusam o governo de tentar vingar-se do ex-presidente. Os advogados de Walesa alegam que o dinheiro foi uma doação e que todas as taxas referentes a ele já foram pagas nos EUA. Apesar da decisão de voltar ao seu emprego, Walesa não deve abandonar a política. Ele criou o Instituto Walesa, em Varsóvia, para ajudá-lo na campanha para as eleições parlamentares previstas para 1997. Texto Anterior: Grupo cria livro de condolências na Internet Próximo Texto: EM RESUMO Índice |
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