São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 1996
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Sem emprego

O intenso ritmo de demissões na indústria do Estado de São Paulo ilustra um movimento que infelizmente ocorre não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.
Ainda que em outros setores as demissões não tenham alcançado violência similar à registrada pela Fiesp, está evidente que o ajuste estrutural das empresas -e consequentemente do mercado de trabalho- está em pleno curso. A isso somam-se os duros efeitos da política de contenção da atividade econômica, adotada pelo governo.
No início de 95, enquanto a economia crescia rapidamente, o nível de emprego industrial monitorado pela Fiesp teve um desempenho ascendente. Entre janeiro e abril, a oferta de vagas aumentou em 3,23%. Desde então, porém, a velocidade das demissões foi impressionante. Em apenas oito meses a indústria paulista reduziu em 10% sua força de trabalho.
Mesmo que se possa esperar que esse ritmo de demissões arrefeça daqui para a frente, não há como escapar a indagações sobre o futuro do emprego -e mesmo da indústria. Afinal, além de participar da tendência global à eliminação de vagas de trabalho pelo avanço tecnológico, o Brasil ainda enfrenta o desafio de um processo intenso de abertura comercial, com uma taxa de câmbio que favorece o produtor estrangeiro.
A indústria nacional passa por uma dura prova, à qual nem todos sobreviverão. Quanto ao desemprego, são absolutamente desejáveis as iniciativas visando à facilitação das contratações e ao retreinamento da mão-de-obra. Mas o futuro do mercado de trabalho é hoje um dramático enigma, que o mundo ainda não decifrou.

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