São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 1996
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A vez da Perereca

CIDA SANTOS

Simone, Perereca ou simplesmente Perê. No mundo cada vez mais gigante do vôlei, essa "baixinha" de 1,72 m tem uma missão especial no time do Leite Moça: substituir Ana Moser, que vai operar o joelho direito e não tem mais chances de jogar nesta Superliga.
Vale lembrar que o Leite Moça é o dono da bola no campeonato: é líder invicto. Mais: em 11 jogos, perdeu apenas 1 set.
O segredo de Simone para compensar a baixa estatura é uma impulsão totalmente demais: no auge da sua forma, chega a 1,05 m. Nesta fase de classificação do campeonato ela calcula que esteja por volta de 94 centímetros.
O técnico do Leite Moça, Sérgio Negrão, diz que essa é uma marca de impulsão masculina. Saltando tudo isso, Simone se iguala às jogadoras mais altas da equipe. Ela alcança uma bola no ataque a 3,05 m do chão, uma marca igual a da atacante Ana Paula, sua companheira de time, que tem 1,84 m.
Não por acaso, Negrão costuma chamar Simone de a "Mireya" do Leite Moça, em uma referência à cubana, considerada a melhor atacante do mundo e dona de uma impulsão mais espantosa: 1,15 m. Mireya, com apenas 1,75 m, também é baixa para os padrões do vôlei atual, mas graças a sua impulsão ela simplesmente voa: alcança uma bola a 3,35 m do chão.
Mesmo distante de Mireya, Simone é a "Perereca" brasileira. Ela ganhou esse apelido nos tempos de infantil no time do Pão de Açúcar. A capacidade de saltar também gera brincadeiras como a de uma fã, que chegou a perguntar se ela comia saco de molas para conseguir sair tanto do chão.
A saída de Ana Moser e a entrada de "Perê" mudaram as características do Leite Moça. Negrão diz que a equipe perdeu em força, mas ganhou em velocidade. Uma das novidades do time é a versão feminina da bola rápida que o atacante Giovane costuma bater na entrada da rede. A jogada, batizada de "Gigio" pela turma do Leite Moça, é feita com perfeição por Denise e Simone.
Simone é uma das mais exigidas no esquema do Leite Moça: faz a recepção em cinco posições e começa também agora a atacar do fundo. Bate cerca de 20 bolas por set. Resultado: acaba os jogos com quatro quilos a menos.
O certo é que Simone devolve aos "baixinhos" a esperança de um lugar ao sol no vôlei. O maior sinal são as cartas que ela recebe dessa turma que também sonha em jogar e saltar como se comesse um saco de molas por dia.

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