São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 1996
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FHC institui a "semana peemedebista"

FERNANDO RODRIGUES
LUCIO VAZ

FERNANDO RODRIGUES; LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu dedicar esta semana aos contatos com o PMDB. A idéia é aplacar as críticas dos peemedebistas, que já deixaram claro ser absolutamente contra à presença de ministros tucanos nos palanques eleitorais neste ano.
Segundo o presidente do partido, deputado Paes de Andrade (CE), a presença de ministros em palanques de candidatos tucanos "é abuso de poder político, é uso da máquina."
No último encontro de Paes, Fernando Henrique fez uma promessa ao deputado: "Terei uma postura de magistrado. Não me envolvo e não permito que a máquina seja envolvida."
"Quando se tem quatro partidos quase do mesmo tamanho na sua base de sustentação, você tem que dar atenção a todos", disse ontem o presidente.
Nesta "semana peemedebista", como vem sendo chamada no Palácio do Planalto, FHC terá dois almoços com a cúpula do PMDB. Um será hoje na residência de Paes de Andrade.
Almoços
Na quinta-feira, Fernando Henrique recebe os líderes, vice-líderes e governadores do partido no Palácio da Alvorada -a residência oficial. A idéia inicial era fazer apenas este almoço.
Mas apenas um almoço, com muita gente, melindrou Paes, que foi o primeiro articulador das críticas ao governo e obrigou FHC a essa ofensiva de carinho com o partido.
Paes avaliou que, numa reunião ampla, poderia ficar em minoria. Estes encontros também acabam sendo improdutivos, sem objetividade. Por isso, marcou para hoje um encontro mais reduzido em sua casa. FHC aceitou na hora.
Para o presidente, o que importa é acalmar os peemedebistas. No almoço de hoje, além de FHC e Paes, devem estar presentes apenas o presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), e os líderes na Câmara, Michel Temer (SP), e no Senado, Jáder Barbalho (PA).
FHC vai usar a estratégia de sempre: deve ressaltar que é a sociedade quem pressiona por reformas. E, nesse contexto, dirá o presidente, o Congresso estará votando sempre a favor da sociedade e não do governo FHC.
Na quinta-feira, o almoço será para cerca de 40 pessoas. Os vice-líderes foram convidados porque fizeram duras críticas ao governo em reunião realizada há uma semana, na liderança do PMDB.
Eles reforçaram a posição de Paes ao ampliar o leque de reclamações contra o governo.
Reclamações
O PMDB tem outras quatro reclamações contra o governo FHC. São elas:
1) O PMDB reclamou do aliciamento dos deputados do partido pelo PSDB. Em reunião de vice-líderes, há uma semana, houve relato de casos de parlamentares que deixaram o PMDB porque receberam a promessa de que vão indicar apadrinhados para cargos federais. FHC negou a Paes que esteja envolvido nisso: "Recomendo para que não façam isso."
2) A desatenção dos ministros para com os deputados do PMDB foi outra reclamação dos vice-líderes. Eles não estariam nem retornando ligações telefônicas dos parlamentares. Em reunião com Temer, FHC disse que vai recomendar que os ministros recebam os deputados.
3) Parlamentares do partido reclamam da falta de prestígio dos ministros peemedebistas: Odacir Klein (Transportes) e Nelson Jobim (Justiça). "O Odacir é um grande ministro, mas está amarrado, sem verbas. Recebe os deputados, mas avisa que não pode atender os seus pleitos", afirma Paes. O PMDB aguarda uma resposta de FHC sobre esta queixa.
4) A participação do PMDB nas decisões do governo é a mais antiga reivindicação do partido. Paes diz que isto não significa pedir cargos.

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