São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 1996
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Setor agrícola pode receber R$ 622,3 mi

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O setor agrícola poderá receber uma nova injeção de recursos federais, estimada inicialmente em R$ 622,3 milhões.
Os ministérios da Fazenda, Planejamento e Agricultura estudam a securitização de R$ 555,8 milhões de dívidas do Proagro (Programa de Garantia da Atividade Agropecuária).
A idéia é trocar o débito do programa junto aos bancos que operam com o crédito rural por títulos da dívida pública, a serem resgatados pelo Tesouro Nacional.
A proposta está contida em anteprojeto de lei desses ministérios, ao qual a Folha teve acesso.
O texto também prevê a liberação em dinheiro, por parte do Tesouro, de outros R$ 66,5 milhões para cobrir recursos próprios aplicados pelos produtores.
Caso o projeto seja aprovado pelo Congresso, o governo estará aumentando a dívida pública ao emitir títulos e moeda. No ano passado, essa dívida foi responsável por boa parte do crescimento do déficit nas contas federais.
O rombo de R$ 622,3 milhões no Proagro foi acumulado nos últimos anos, quando o valor das indenizações pagas ultrapassou a arrecadação do programa.
O Proagro foi criado em 1973 para ressarcir ao produtor os recursos aplicados no plantio da safra, no caso de ela não se confirmar. Também protege os bancos, que terão a cobertura dos créditos concedidos aos agricultores se a colheita não for realizada.
O julgamento dos pedidos de indenização é feito por um colegiado cuja maioria é de representantes do setor. Somente na safra 1994-95 o programa teve saldo positivo nas suas contas (R$ 18 milhões), em decorrência do limite de 70% imposto nas indenizações para produtores iniciantes e já amparados pelo Proagro.
Dívidas antigas
Essa proposta amplia os benefícios que o governo já concedeu ao setor agrícola, ao refinanciar R$ 7 bilhões de dívidas vencidas, também por meio da securitização.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Pedro Parente, anunciou ontem que o Tesouro e o Banco do Brasil fecharam acordo em torno da forma de emissão desses títulos.
Eles serão emitidos pelo valor total do débito -até R$ 7 bilhões-, mas em parcelas de 25% ao longo dos próximos seis anos -em lotes a cada dois anos, além de uma emissão inicial nesse ano.
Essa alternativa representa um meio-termo entre a proposta defendida pelo BB -emissão pelo valor total e no máximo em quatro anos- e o que pretendia o Tesouro -pagar com papéis apenas a diferença entre a remuneração paga pelo produtor (equivalência-produto mais juros de 3% ao ano) e o custo do banco.
Segundo Parente, para efetivar a securitização, já aprovada no Congresso-, falta entendimento com os bancos privados.
Também falta uma decisão sobre a remuneração dos títulos do Tesouro. O BB defende uma remuneração equivalente ao custo de captação da poupança -6% ao ano mais TR-, enquanto o Tesouro quer pagar taxas de juros menores.

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