São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 1996
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Relatório do Banco Central faz PF investigar 49 ex-dirigentes do Banerj

DA SUCURSAL DO RIO

Baseada em relatório do BC (Banco Central), a PF (Polícia Federal) abriu inquérito para investigar irregularidades financeiras que teriam sido cometidas por diretores e conselheiros do Banerj (Banco do Estado do Rio de Janeiro) a partir de dezembro de 1989.
O relatório do BC aponta 49 ex-dirigentes do Banerj envolvidos em supostas fraudes e má-administração bancária.
O inquérito foi aberto em dezembro pela superintendência da PF no Rio, a pedido da procuradora da República Solange Mendes de Souza, do Ministério Público Federal.
Na semana passada, o delegado federal Matheus Casado Martins remeteu o inquérito à Justiça Federal no Estado.
Casado Martins pediu mais 90 dias de prazo para encerrar as investigações. A Justiça e o MPF devem atender à solicitação do delegado responsável pelo inquérito.
O delegado planeja nestes 90 dias interrogar os acusados e representantes de empresas que teriam se beneficiado das supostas irregularidades.
Assinado por três integrantes da junta que dirigiu o Banerj a partir da intervenção pelo governo federal, em 30 de dezembro de 1994, o relatório trata dos períodos de administração dos ex-governadores Wellington Moreira Franco (1987-90) -hoje deputado federal pelo PMDB do Rio-, Leonel Brizola e Nilo Batista (91-94, PDT).
No relatório, os interventores informam ter encontrado evidências de que o dinheiro obtido com a venda de patrimônios do Banerj não entrou na contabilidade do banco.
A falta de licitação para compra de materiais, obras e divulgação de mensagens publicitárias são outras supostas irregularidades mencionadas no relatório pelos interventores do Banerj.
Nem a PF nem o Ministério Público Federal arriscam uma avaliação dos prejuízos que teriam sido causados ao Banerj nos últimos seis anos pelas diretorias sob suspeita.
Os valores, de acordo com a PF, ainda estariam sendo calculados por técnicos do BC.
Os interventores do BC listam no relatório pelo menos 30 tipos de crimes que teriam sido praticados pelas diferentes diretorias do Banerj.
Uma das irregularidades apontadas no relatório teria ocorrido na contratação de uma firma de advocacia estrangeira para defender a direção do banco em processos que tramitam na Justiça do Rio.
No relatório, os técnicos do BC avaliam que a despesa com a contratação da firma representa má aplicação de dinheiro público.
O Banerj deve deixar de ser um banco estadual a partir do ano que vem. Segundo o cronograma do governo estadual, este é o prazo para que o Banco Bozano, Simonsen saneie as contas do Banerj e o entregue para ser privatizado pelo governo do Estado.

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