São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 1996
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Ligações telefônicas comprometem Chedid

CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

Acusado de extorquir empresários para isentá-los de culpa na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bingos, o deputado federal Marquinho Chedid (PSD-SP) manteve pelo menos 30 contatos por telefone com o advogado Francisco Franco -apontado como o suposto intermediador dos pagamentos de propina- durante as investigações da comissão.
As acusações contra Chedid e o suposto intermediário foram feitas por donos de casas de bingo à própria CPI, à Corregedoria da Câmara dos Deputados e ao 89º Distrito Policial de São Paulo.
Chedid era um dos dez membros da comissão e se recusou a abrir o sigilo de suas contas telefônicas (leia texto nesta página).
Contas telefônicas fornecidas pela Telesp (Telecomunicações de São Paulo) à Polícia Civil e obtidas pela Folha comprovam as ligações de Franco para o telefone celular (061-9874141) e do gabinete (061-3185736) de Chedid e para o Pabx da Câmara (061-318-5151).
As ligações foram mais frequentes nos dias em que, segundo depoimentos de donos de bingos, teriam ocorrido as supostas negociações de pagamento de propina.
No início de outubro, por exemplo, quando Franco teria iniciado negociações com Ricardo Steinfeld, do Bingo Liberty, de São Paulo, ocorreram dez telefonemas para o gabinete de Chedid, em Brasília, num total de aproximadamente três horas de conversação.
Entre os dias 9 e 10 de outubro, quando Franco teria recebido de Steinfeld US$ 150 mil para repassá-los a Chedid, o celular e o telefone direto do gabinete do deputado receberam três ligações do advogado, num total de 25 minutos.
Quando a acusação veio a público, a partir dos dia 19 de novembro, Chedid recebeu mais dois telefonemas de Franco.
Além de Steinfeld, cerca de 50 proprietários de casas de bingo teriam sido pressionados por Chedid, segundo depoimento à CPI de Janos Wessel, presidente do Sindicato das Empresas Administradoras de Bingos de São Paulo.
No depoimento que prestou à CPI em 6 de dezembro, Franco disse ter mantido apenas "contatos ocasionais" com o deputado.
O 89º Distrito Policial obteve as contas telefônicas de Franco a partir de autorização da Justiça.
O pedido foi feito com base em inquérito que investiga suposta relação entre Franco, ex-assessor da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, e empresários de jogos clandestinos (bicho e cassinos).
Franco, assessor da secretaria em 94, forneceria informações aos contraventores. Ele ainda assessorou Nabi Abi Chedid, pai de Chedid, na Assembléia Legislativa.

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