São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 1996
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Taxas de juro recuam no mercado futuro

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Juros em queda no mercado futuro. Dólar em queda no mercado futuro e o BC (Banco Central) comprando no mercado comercial (exportações e importações). Bolsa paulista fechando em alta.
Esse foi o cenário de ontem do mercado financeiro.
Como declarou o ministro da Fazenda, Pedro Malan, nesta Folha, o juro cai este ano para a metade do que foi no ano passado. Ou seja, vai pagar algo próximo de 15% ao ano acima da inflação prevista ou entre 18% e 20% se a referência for o dólar.
Os bancos continuam, no mercado futuro, antecipando a trajetória de queda. Agora estimam uma curva para o primeiro quadrimestre de 2,57%, 2,36%, 2,28% e 2,20%. Na sexta, para o mesmo período, os juros projetados eram de 2,57%, 2,39%, 2,30% e 2,21%. O BC dará a palavra final.
Se, para o mercado, importa a inflação média (e não a mensal) e a trajetória é de queda dos juros, em alguns momentos as taxas reais (descontada a inflação) podem ficar negativas ou muito baixas.
Algum desastre? Não. A rigor, a flutuação do ganho real só é relevante para os chamados ativos reais (como imóveis, ações e ouro, por exemplo).
Mas não é variação sazonal -quando o juro "ficou baixo" porque choveu- que faz crescer os investimentos em imóveis. É a tendência do juro.
Com a estabilidade, é besteira continuar fazendo planos e pensando na rentabilidade mensal.
Basta saber que quem aplicou R$ 1.000 faz 30 dias na poupança, capturou hoje um rendimento de R$ 16 -que é pouco mais do que custa um pacote de cigarros.
Conclusão: está esgotando o tempo em que era possível viver do ganho inflacionário (que o digam as empresas) e está se iniciando o tempo de aplicar os recursos pensando obrigatoriamente em prazos mais longos.
Quanto antes, melhor. Já que o juro de hoje é maior do que o que será pago amanhã.
Se o ambiente é de juros, no limite, mais elegantes e civilizados, as Bolsas agradecem.
Ontem, mesmo com feriado nos EUA, a Bolsa paulista subiu 1%. Mais importante: a demanda por ações deixou de ficar concentrada apenas em Telebrás. Bom sinal.

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