São Paulo, terça-feira, 16 de janeiro de 1996
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Brasil lança US$ 300 mi em títulos no mercado japonês

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo venderá US$ 300 milhões em títulos no mercado japonês até o final de fevereiro, segundo disse ontem o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Gustavo Franco.
Para o BC, essa operação -que equivale a aumento de dívida externa- permite que o país melhore seu prestígio no exterior.
No ano passado, o governo brasileiro voltou a obter crédito no exterior, interrompido após a crise da dívida externa nos anos 80.
Franco anunciou que a corretora escolhida para fazer o lançamento dos chamados "samurai bonds", ou bônus "samurai", foi a japonesa Nomura. "A instituição é escolhida por sua capacidade e pelo preço que ela imagina conseguir na operação", disse. Outras nove empresas se candidataram.
Oficialmente, pela justificativa apresentada ao Senado, a captação externa tem o objetivo de conseguir dinheiro para abater a dívida interna brasileira, que tem prazos entre 30 e 90 dias e juros na casa de 25% ao ano.
Entretanto, um lançamento de US$ 300 milhões em bônus pouco significa diante do volume da dívida interna, que só na forma de títulos públicos chega a R$ 109 bilhões. Com os juros brasileiros, ela cresce a cada mês cerca de R$ 2 bilhões.
"Como temos reservas (em dólar) altas, podemos fazer lançamentos pequenos em condições vantajosas", disse Franco, argumentando que a operação pode trazer benefícios à imagem internacional do país.
Esse será o segundo lançamento de títulos do atual governo no mercado japonês. Na primeira emissão -em junho do ano passado- foi obtido em ienes o equivalente a US$ 916 milhões, a serem pagos em dois anos com juros anuais de 6%. Franco disse esperar prazos e juros mais favoráveis dessa vez.
Naquela operação, os investidores japoneses não podiam comprar os bônus, vendidos a bancos de outros países. No jargão financeiro, a primeira foi uma emissão de "euroienes", e a segunda será de "samurai bonds".
A diferença básica é a de que os bônus samurai seguem uma legislação muito mais restritiva. Até outubro do ano passado, por exemplo, o Brasil nem sequer poderia fazer uma operação desse tipo.
Antes, somente títulos de países considerados "de investimento" podiam ser negociados nesse mercado. Os títulos brasileiros ainda são classificados como "especulativos", ou seja, o país oferece risco a quem empresta dinheiro.

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